VITIMIZAÇÃO E SENTIMENTALISMO NEFASTO
 

A vida de qualquer pessoa, desde o nascimento, é um trajeto de evolução e aperfeiçoamento, constante e ininterrupto, até o dia de sua morte.
Essa visão cristã de imperfeição do ser humano vem sendo distorcida desde o advento do Romantismo, um movimento artístico e intelectual que surgiu no final do séc. XVIII, na Europa, e atingiu o seu clímax em meados do séc. XIX. Nesse movimento, os sentimentos sobrepujam a razão, e a imaginação sufoca o espírito crítico.
Essa visão romântica de que o homem nasce bom e a sociedade opressora o corrompe surge com o filósofo iluminista francês, Jean Jacques Rousseau, considerado o precursor da mentalidade revolucionária (a semente da retórica comunista), cuja obra tem um forte viés romântico.
Nesse sentido, os vícios eram considerados, necessariamente, um sinal indelével da opressão sofrida pelo indivíduo; desvios de caráter e defeitos morais transformavam, sumariamente, as pessoas em vítimas da sociedade.
Esse tipo de discurso, no qual se troca o concreto pelo abstrato (“o homem nasce bom e a sociedade o corrompe” - é o ser humano que corrompe outro ser humano, e não a sociedade); a causa pelo seu efeito (“a corrupção está destruindo o Brasil” - a corrupção é apenas o efeito, e não a causa, pois a verdadeira causa da corrupção é a falta de ética e educação) ou então o agente pelo seu instrumento (“as armas matam” - são as pessoas que apertam o gatilho e matam), é conhecido como metonímia; nele se verifica a substituição de um termo por outro, com uma relação de dependência e proximidade entre os termos. 
Importante observar que atribuir qualidades humanas a entes abstratos é uma das características do discurso metonímico, que se revelou, notadamente nos últimos cem anos, como uma retórica falaciosa, extremamente eficaz e perigosa, haja vista que, na vida em sociedade, as ações efetivas são praticadas por seres humanos, não por entes abstratos. 
Não obstante os conflitos de interesses e divergências políticas, esse tipo de discurso é utilizado com relativo sucesso por políticos autoritários, obcecados em se perpetuar no poder. É fato notório que os infortúnios de qualquer ser humano são causados pela natureza, por outro ser humano ou por ele mesmo, premissas que, de certa forma, confirmam a máxima de autoria do dramaturgo romano Platus: “O homem é o lobo do homem”, tornada célebre pelo filósofo inglês Thomas Hobbes. 
Isso posto, devemos observar que as pessoas é que são boas ou más; a democracia não é má, tampouco é boa, pois os governantes, os quais são eleitos pelo povo, é que são bons ou maus.
Dito isso, vocês conseguem perceber alguma semelhança com os discursos da maioria dos políticos atuais? A utilização da metonímia confunde as pessoas, pois tira os verdadeiros responsáveis do protagonismo das ações criminosas e atos ilícitos. Pense nisso, e não se deixe enganar!

 
Osmar Ruiz Júnior
Enviado por Osmar Ruiz Júnior em 18/10/2018
Reeditado em 19/10/2018
Código do texto: T6480093
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