Um homem no espelho

Ontem eu soube da finalização de um ciclo de suma importância para
a sua vida. Bom, eu recusei-me a acreditar porque agora eu proclamo
o seguinte questionamento: o que será agora? o que sucederá? Pois
você sabe que é a veracidade fatual de um ciclo ordinário na
vida de qualquer ser humano. Eu julgo que o encerramento de
uma fase das nossas vidas não deve ser pautada pelo sentimento de
lamentação ou tristeza, mas sim pela reflexão e análise interiores e
fazer uma espécie de retrospectiva, um levantamento dos aspectos
positivos e negativos que estiveram presentes durante aquele estágio
da vida. A positividade, penso eu, devemos mantê-la e aprimorá-la e
a negatividade deve ser descartada, sendo substituída pela busca
incessante do desenvolvimento e do aperfeiçoamento.
Logo no primeiro contato que foi estabelecido entre nós, o seu discurso
não despertou interesse e curiosidade na coletividade. É a perigosa
e inconveniente cultura do imediatismo ou da famosa frase que diz
que nunca devemos julgar um livro pela capa. Porém, à medida que
o tempo foi florescendo, eu pude testemunhar a habilidade magnífica
que lhe foi dada para transferir e propagar a ciência através de você.
Sempre lembro-me das suas primeiras conferências quando tudo
ainda era uma inovação para mim. Eu acabara de mudar-me para um
lugar desconhecido e ainda estava no processo de adaptação, mas
a partir daquele momento, você despertou em mim o desejo mais
profundo e genuíno pela docência. E desde então, eu iniciei a nutrição
e a alimentação desse projeto estimulado por você. Eu me situei
apaixonado e fascinado pelo seu talento e pela sua vocação em
transmitir tudo o que você construiu durante a sua árdua trajetória de
estudos e refinamento profissionais.
Eu venerava e enxergava você como um modelo a ser reproduzido,
uma fonte de inspiração, um espelho. Toda vez que você entrava
naquela sala saudando a todos, manifestando a sua ternura e sua
graciosidade. Infelizmente, eu presenciei algumas eventualidades
desagradáveis das quais você não era digno de certificar. Um mestre
não tem o direito de ser ridicularizado ou transgredido, ainda mais
quando refere-se a uma sumidade como você. À vista disso, solicito
o seu perdão e revelo a minha lamentação pela ocorrência.
Finalizo o meu discurso, expressando a minha gratidão por ter
colaborado vastamente para o meu progresso pessoal e profissional.
Notabilizo a minha correspondência às admoestações e advertências
imputadas sobre nós com o desígnio de impulsionar a nossa evolução
humana como seres munidos de racionalidade e a resiliência, pois
você é a imagem refletida pelo plano e aquele garoto inseguro e
acanhado transformou-se em um homem, um homem no espelho.
Lucas Nicácio Gomes
Enviado por Lucas Nicácio Gomes em 18/12/2018
Reeditado em 22/03/2019
Código do texto: T6530220
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