SERVOS DE DEUS OU CAPACHOS DE HOMENS?

Não há “lei de deus”, “vontade de deus” ou “palavra de deus”!

Existe apenas um conjunto de regras criadas por outras pessoas para que você obedeça e ainda pague para sentir-se seguro por isso.

*Por Antônio F. Bispo

Encontre um “livro sagrado”, qualquer um, e dirão a você que ali estar escrito a vontade de deus para os homens, o modo como eles devem conduzir suas próprias vidas e como devem se comportar em sociedade com os “fiéis” e com os “infiéis”. Alguns chegam ao exagero de dizer que um livro sagrado é a boca de deus falando conosco!

Se eles soubessem o processo e o contexto histórico e cultural que levou um livro dito sagrado a ser o que é, muitos jamais diriam um absurdo desse.

Encontre um grupo religioso qualquer e perguntem o que eles estão fazendo e eles dirão: “estamos servindo a deus da forma mais pura e verdadeira possível”!

Mil grupos religiosos que encontrares servindo a um mesmo deus, poderás encontrar mil ritos diferentes, mil propósitos diferentes e milhares de dogmas locais estabelecidos, empurrados aos adeptos de goela abaixo como sendo a vontade de deus.

Todos ao serem inseridos em tais grupos ao “aceitarem a jesus” naquele recinto, dirão amém a tudo que for dito e jamais poderão questionar nada que ali seja executado, pois ao se juntarem aquele povo, tal grupo já existia e o “chefão” local estar de olho, como uma sentinela, pronto a subjugar, humilhar ou expulsar dali qualquer um que apresentar qualquer tipo de resistência ou ideia contrária aquilo que “deus falou” a ele quando “mandou” que ele fundasse aquele grupo!

Todos os que se juntam ao grupo acreditam estar seguros e trilhando o caminho da verdade.

Há um preço a ser pago por isso. Um percentual do faturamento do novo membro ou o consumo constante e compulsório de bugigangas ungidas estão entre os principais produtos exigidos na lista das coisas que “deus orienta” aos seus santos ungidos.

Obediência cega as lideranças e abster-se da razão, da individualidade e do uso correto das faculdades mentais isso nem se fala! É inquestionável! Sem ela nenhum império religioso prevaleceria. É desse modo que “deus trabalha”, que “a igreja vive” ao longo dos séculos. Esse é o fator principal para que qualquer tipo de deus tome a forma que o líder desejar. Pensou, argumentou, resistiu ou fez uso da razão...PLUFT! Deus sumiu! Deixou de existir como uma fina bexiga de ar na mão de uma criança. Esse conceito é fornecido pela própria igreja.

Essa ideia de juntar-se para adorar a deus e obedece-lo é tudo uma ilusão coletiva! É uma psicose socialmente aceita. Um modo de mentirmos a nós mesmos para que por meio dessa mentira possamos alcançar diferentes objetivos, como socialização, acasalamentos, fortuna, e para os mais crédulos, uma suposta salvação!

Há milhares de arquétipos construídos pelos povos ao longo das eras. Deus é apenas mais um destes arquétipos. Isso não seria problema algum se a igreja não o tivesse transformado em verdade universal, absoluta e atemporal. Então deixou de ser algo que serviria como guia para ser tornar objeto de confusão e guerras entre os povos.

Egoísmo, medo, inocência e ignorância precedem qualquer tipo de rito religioso já criado pelos homens. Se o interior de cada “adorador” pudesse exprimir de forma verbal suas reais intenções eles diriam: “primeiro eu, segundo eu, terceiro eu, e se sobrar espaço deixo um “pedacinho de deus” para você”!

É isso que inconscientemente as pessoas dizem de forma implícita ao renderem culto a um ser qual dizem se justo e que supostamente sabe das necessidades de cada uma de suas criaturas sem que elas ainda nem se quer tenham pensado no que vão pensar em pedir.

Ele sabe de tudo de modo antecipado, mas se você não pedir ele não dá nada!

Implore, exalte-o, adore-o, peça, humilhe-se diante dele e relembre a ele todas características surreais que dizem que ele possui para que desse modo ele te atenda. Caso contrário ele não fará nada por ti. Esse é o motivo quem sabe seja o motivo de termos muita gente com tanto e outros sem nada...Um deus justo, bondoso, poderoso e onisciente que só faz o que deve ser feito mediante “propina”. Que bizarro! Tem coisa pior que isso?

As religiões dizem que deus ama a todos e deseja a paz entre os povos. Porém o interesse real em uma convivência harmoniosa entre os povos por parte de deus é uma utopia entre todo tipo de pregação religiosa. Afinal, como pode haver paz entre os povos se um deus universal e pai de todos escolheu para si mesmo um povo em particular e o chamou de seu, e lhes fez promessas particulares e ameaças aos demais povos que nele não acreditasse? Esse é o princípio da guerra e não da paz! Por outro lado, como se sentir especial e melhor que os demais diante da ideia de um deus universal e pai de todos?

Isso não rola, não cola e nem conforta a mediocridade de um ego inferior. Tem de dizer bem alto: “meu deus, minha igreja, minha religião e meu povo” para se sentir seguro e especial...

Que infantilidade! Parecem criancinhas do berçário brigando pelo farelo do biscoito que caiu no chão enquanto desprezam um pacote inteiro do mesmo produto diante deles só por que em seus instintos primitivos focaram mais na disputa do que na partilha.

O pior é que qualquer zé mané que abre uma igreja seja onde for ou qualquer grupinho ou “grupão” que pega um “livro sagrado” a exemplo da torá, da bíblia ou do alcorão já se sente como se fosse esse povo eleito por deus, instruído para perseguir ou subverter todas as demais pessoas do planeta ao seu próprio ponto de vista sobre a ideia do sagrado.

Qualquer um que portando um livro dito sagrado pode dizer o que quiser em nome de deus e criar uma infinidade de dogmas baseado no seu próprio entendimento e empurrar de goela abaixo a qualquer pessoa, e em nossa sociedade (alienada) é quase que proibido discordar de tanta loucura que se faz usando a fé, pois dizem que isso fere os princípios de liberdade religiosa estabelecidos em nossa constituição. “Se cale, aceite, obedeça, ou pelo menos não perturbe, e deixem que o mundo pegue fogo em nome da fé...blá, blá, blá....”! Depois esses mesmos que brigaram em nome de seu deus dirão: “é falta de deus! O mundo precisa de mais amor...”! Que doideira!

Toda lei é humana, criada para humanos, admitam ou não! Ninguém nunca viu deus algum descer dos céus e dizer nada para ninguém. Apenas creem que assim o fora. Saber ninguém sabe, apenas creem!

Leis humanas, pessoais ou grupais, criadas com propósitos comerciais ou de domesticação que passarão a ser chamadas de leis de deus, cujos adeptos irão submeter-se a estas e tentar criar o maior número possível de prosélitos para que a soma da coletividade os deixem confortáveis a respeito da própria crença, pois se numa comunidade de 10 mil seguidores, apenas uma pessoa demonstrar opinião contrária ao que se é dito, causar-se-á um desconforto gigantesco a toda essa comunidade e toda “obra de deus” poderá ruir como um castelo de areia.

Por que será que a opinião de uma única pessoa “errada” causa tanto desconforto a dez mil, cem mil, um milhão ou um bilhão de “pessoas certas”? Por que será que apenas um único ateu que mostra de modo claro e conciso sua forma de pensar é capaz de causar tanto prejuizo a uma população continental inteira?

Estranho não é? Se os que dizem estar na verdade tivessem plena certeza de que realmente estão, um “ateuzinho” seria apenas uma criatura insignificante no meio de tantos “santos de deus”. No entanto, ao longo dos séculos, a igreja de modo geral tem perseguido torturado e matado todos os que apresentam opinião contrária as “leis de deus”.

Por esse motivo, nos livros sagrados é possível encontrar os mais diversos, antagônicos e contraditórios ensinamentos sobre aquilo que dizem ser a vontade de deus e modo como as pessoas devem se conduzir para receber algum benefício ou pelo menos aplacar seu mau humor que nunca tem fim.

Ajudar o próximo, repartir o pão, ter piedade, compaixão e buscar a justiça e a paz entre os homens estar inserido entre os escritos religiosos como sendo mandamentos divino.

Matar, estuprar, violar mulheres e crianças, fazer escravos sexuais, causar terror a todos quantos resistem a expansão do “reino de deus” também fazem parte da vontade divina.

Tudo isso pode ser encontrado em um único livro sagrado, dito por um único deus, saído da boca de um mesmo profeta ou de vários destes em ocasiões diferentes ao longo dos séculos.

Não há nada mais confuso e contraditório do que “a vontade de deus” ou sua palavra.

Isso tudo por que, lei de deus vontade de deus ou palavra de deus é apenas um conjunto de preceitos adotados por qualquer pessoa quando intenta ganhar dinheiro fácil explorando a fé, ou pelo menos manter uma posição de status entre os demais por representar um suposto ser superior.

É tudo uma invenção! Por isso cada agrupamento cristão, judeu, mulçumano ou de outra religião qualquer interpreta de modo diferente a vontade de um ser qual dizem ser único e universal e indivisível!

Por esse motivo é quase que padrão o comportamento dos indivíduos que ao ingressarem em algum movimento religioso (igreja), eles logo adquirem o linguajar do grupo, o modo de se vestirem e a forma de se comportarem e acreditam piamente que estão certos.

A partir daí o proselitismos se torna regra entre todos eles, e quando não há uma propaganda para endeusar o próprio grupo eles mascaram esse tipo de comportamento denegrindo, descaracterizando ou menosprezando todos os demais grupo ou ideologias diferentes, seguindo os próprios padrões de verdade, justiça e santidade.

O desejo de submeter-se a ideia do sagrado para por ele ser dirigido pode ser também um dos fatores de busca entre os que se deixa converter a uma “nova teologia”. Fazer o certo de modo certo é o desejo de todos que tem um bom coração e espirito altruísta. O medo de ir para o inferno em morte ou ser amaldiçoado em vida é outro fator inconsciente que também movem os adeptos a “buscarem a deus”.

Dinheiro, fama, poder, autoridade e oportunismo também tem sido subprodutos oferecido pelas igrejas cristãs nas ultimas 12 décadas, desde o surgimento do movimento pentecostal, que possibilitou a criação de uma “avalanche” de variáveis de igrejas, evangelhos e “cristos” diferentes.

Uma coisa que ninguém se dá conta é o seguinte: ao adentrar em uma igreja e filiar-se a ela, ninguém, absolutamente ninguém serve a deus, jesus ou divindade alguma. Todos serão servos de dogmas, ritos e preceitos estabelecidos por um colegiados de líderes ou por um único líder, que a partir de uma forma própria de interpretar o mundo e o comportamento humano, irá determinar o que é certo e o que é errado, o que deus gosta e o que deus não gosta, o que será e o que não será pecado.

Em outras palavras, se realmente houvesse um deus supremo, justo, santo e verdadeiro como dizem haver, em um ambiente religioso governando por um líder humano seria impossível servi-lo e honrá-lo de verdade pois as paixões humanas a tudo sobrepuja, a tudo disfarça e a tudo põe o rótulo que mais lhe for conveniente.

Se esse ser que povoa o imaginário coletivo fosse real, ele jamais pisaria os pés em igreja nenhuma, onde imperam o orgulho, a soberba, a falsidade, a loucura e a presunção de pecado e exclusão a todos quantos não se juntam a esse tal movimento e não incorporam certos ritos insanos, de aparência animalesca e bizarra em certos casos.

Um lugar onde comumente gente confusa, mal amada e mal resolvidas se acham os seres iluminados e sábios que trarão uma nova era dourada a raça humana. Um lugar onde na grande maioria dos casos tratam seus subordinados como produtos comerciais, como ovelhas no sentido mais literal da palavra: tiram a “lã”, a carne, o couro e ainda brigam para lhes roer os ossos depois dessa não ter mais vida.

Como poder um lugar onde é preciso “retirar o cérebro” para ser aceito pode ser chamado de casa de deus? Só mesmo no mundo encantado daqueles que desenham a deus, a sua vontade, seu modo de agir, seus gostos e desgostos e depois eles mesmos dizem: “deus me falou assim! essa é a vontade de deus! Parai, escutais e obedeceis ou então morrereis”!

Não importa qual seja o “pacote de salvação” que você compre em qualquer igreja! Você estar apenas comprando um pacote local de preceitos, que para a “concorrência”, para a igreja do outro lado da rua, ou para a fé do outro de nada valerá!

A coisa mais idiota e estupida que alguém pode fazer na vida é depois de ter comprado o “pacote de salvação de uma igreja”, submeter-se a um líder religioso para que esse lhe conduza seus passos, lhe diga o que fazer e como se portar para agradar a deus.

Não tenha dúvida: em 90% desses casos há uma grande chance de a pessoa entrar em uma furada, de jogar fora a própria vida, de perder sua juventude, saúde e lucidez fazendo coisas inúteis e sem sentido algum, de se tornar um parasita, um débil mental, obedecendo a comando simplórios vendo desgraça em tudo na vida, além de tentar desgraçar a vida alheia.

Caso me pedissem conselho hoje eu diria para quem deseja servir a deus: “honre e respeite a todos sem esperar nada em troca. Aprendam a controlar suas emoções. Prepara-sem para as inúmeras decepções e traições que a vida lhe trará. Desapegue-se de qualquer coisa pois tudo é transitório e passageiro. Procure ver tudo que dizem ser real à partir de um outro ponto de vista. Tenha uma vida digna. Estude, trabalhe, aprenda todo dia uma coisa nova e prepare-se para morrer, pois essa é a única coisa certa que realmente temos certeza. Desse modo quem sabe tu irás evitar ser vítimas ou causador de tantas loucuras que os “servos de deus” tem trazido a esse planeta em nome da fé desde que o homem é homem!

Mas dizem que conselho é igual a café: toma quem quer! Outros dizem que se conselho fosse bom não era dado, era vendido.

Penso também que as pessoas vivem em níveis diferentes de consciência, e tentar tirá-las a força de um lugar para outro seria como um estupro, ou como tirar um peixe e obriga-lo a viver na terra sem que sua estrutura respiratória o permita a isso.

Por isso vamos escrevendo, pensando, refletindo e argumentando para que por meio disso quem sabe, a fagulha que ascende o processo evolutivo de alguns possa ser acionada. Até lá, veremos aos poucos muitos se libertando daquilo que achavam ser a leis de deus, quando na verdade eram capachos de homens, tornando-se então pessoas responsáveis e descentes, sem precisar de policiamento algum de seres do imaginário coletivo.

Um forte abraço!

Saúde e sanidade a todos!

Texto escrito em 17/2/19

Ferreira Bispo
Enviado por Ferreira Bispo em 18/02/2019
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