Discurso de comemoração de 59 anos da Biblioteca Municipal.

Biblioteca Municipal Benedito de Castro

Uma boa tarde a todos. Antes de mais nada, quero dizer que estou muito feliz por estar aqui. Quero cumprimentar e agradecer a coordenadora Dorotea, pelo empenho e organização deste encontro, também quero agradecer os preciosos presentes que estou recebendo de vcs agora. E que presentes seriam estes? O primeiro é mais valioso que ouro ou dinheiro é seu precioso tempo, que é sua vida, o segundo é uma joia rara do tesouro pessoal de cada um, sua atenção. Pois no mundo em que vivemos, estamos sempre com pressa, atarefados, sem tempo para nada. E nossa atenção está sempre focada nos nossos afazeres. Quero dizer ainda que este espaço-tempo que estamos vivendo aqui e agora é um momento único em nossas vidas, que nunca mais se repetirá, como todos os momentos. Então vamos fazer valer a pena.

Tenho um carinho especial pela Biblioteca Municipal, foi nela que iniciei minha carreira bem sucedida de leitora apaixonada e incansável, pois foi onde retirei meu primeiro livro e descobri um mundo novo e absolutamente fantástico, o mundo do conhecimento. Fiquei muito emocionada, para mim criança que mal tinha se alfabetizado, descobrir que podia ter acesso aquele objeto maravilhoso chamado livro, foi incrível, ainda mais que não precisava pagar nada e poderia retirar quantos quisesse ou pudesse ler. Naqueles tempos difíceis, os livros eram caros e escassos. Li todos os livros que achei interessante, comecei pelos livros de literatura infantil, depois romances, poesias, história de ficção, livros de pesquisas escolares, ciências, etc, quando não podia retirar o livro, eu lia horas a fio ali mesmo. Recordo que foi muito marcante quando encontrei uma coleção novinha, ricamente ilustrada do Sítio do Pica Pau Amarelo de Monteiro Lobato, passei semanas lendo e relendo cada volume, vivendo a história, as aventuras. Mais adiante o livro O pequeno príncipe, os Miseráveis de Vitor Hugo e Meu Pé de Laranja Lima de José Mauro de Vasconcellos, foram leituras especiais da minha infância. Na juventude continuei lendo tudo o que encontrava pela frente. Aprendi muito com os livros, posso dizer que mudaram o rumo da minha vida, com toda certeza. Mas algo sempre me deixava intrigada, e ainda me deixa muito intrigada, quase todas as histórias falavam de amor. Mas afinal o que é este amor, pelo qual ansiamos tanto, pois todos querem ser amados, será algum dispositivo divino implantado em nosso DNA? Que nos conduz a eternidade? Pois quando chegamos ao fim de nossa jornada em nossos instantes finais, as coisas materiais simplesmente perdem o valor, queremos por perto nossos amados, nossos filhos, nossos amigos se for possível e até nossos animaizinhos de estimação, queremos pedir perdão dos nossos erros e sentir no derradeiro instante que amamos e fomos amados.

Então depois de tantas leituras, um dia descobri que eu também poderia escrever, comecei escrevendo textos nas folhas que sobravam nos velhos cadernos. Realizei algumas tentativas de publicação, mas não era o momento.

O tempo passou a vida seguiu seu curso e um dia recebi por email um convite do site Recanto das letras, era tudo o que eu precisava. Publiquei algumas poesias, contos e crônicas e em seguida meus trabalhos acadêmicos e um ebook de literatura infantil, que tiveram milhares de acessos, tenho mais de 320 mil acessos até o momento. E hoje estou aqui com um livro impresso em parceria com outros escritores, publicado pela Editora do Recanto das Letras, l Antologia Poética, no qual tenho participação com algumas poesias.

Escolhi para minha primeira publicação impressa, versos simples, que falam de amor, da natureza, crianças, dança, estrelas, pirilampos, pescaria, cenas cotidianas que podemos viver com leveza e sem custo. Precisamos de vez em quando nos conectar com a natureza para lembrar que somos humanos, que podemos sonhar, apreciar um amanhecer, o por do sol, dançar com nosso amor ou nosso amigo ao luar, pescar, se não der peixes pescaremos estrelas e cantos de grilo e junto levar nossos filhos, nossos netos, nossos amigos mais queridos, para celebrar a vida. Por que a vida, a vida meus amigos é breve e bela, feito a chama de uma vela, que a qualquer sopro se apaga.

Santo Augusto RS, outono de 2019.