Historicizando- o "diagnóstico" da compreensão do contexto histórico

Historicizando- o “diagnóstico” da compreensão do contexto histórico

Marcel Franco Lopes

Historiador (UTP)

Atualmente, construir uma análise histórica está muito mais complexa do que antes do movimento dos Annales , quando se tinha uma ideia mais temporal e factual da mesma.

Mas, desde a década de 1930, quando se deu esse movimento, o que, de fato, mudou?

Muita coisa, o suficiente para se ter novas metodologias de como fazer história. Até então, utilizava-se a metodologia positivista .

Com o advento do período entre guerras, inovou-se o “olhar histórico”, ampliou-se seu campo de estudo, por, entre outros fatores, surgir o diálogo interdisciplinar.

Aliás, eis um movimento ainda em vigor, visto que esta inserção de conhecimentos entre as áreas continua a todo vapor.

Como resultado, a problemática desse artigo, poderia ser considerado o historiador como responsável pelo diagnóstico dos fins de eventos passados, com intuito de compreendê-lo a seu tempo, mas não de solucioná-lo?

Sim, muito provavelmente. Uma vez que, o diálogo com as fontes permite compreendê-las, de modo a abstrair possíveis fatores que desencadearam os eventos seguintes que ficaram marcados na História. Sendo assim, “diagnosticar” as eventualidades que os desencadearam.

Por outro lado, isso não os corresponde ao trabalho clínico. Uma vez que, o historiador não busca resolver problemas que não correspondem à sua realidade, isso seria cometer anacronismo.

Mesmo assim, ele não pode ficar alheio às dúvidas que permeiam os eventos passados, uma vez que, seu objetivo não é resolvê-los, mas compreendê-los, de modo a direcionar análises mais condizentes com seu próprio tempo.

Portanto, o historiador é o “elo” que permite à sociedade compreender o próprio tempo como produto de eventos passados sem que precise menosprezá-los, tirando conclusões como “vivemos em um tempo melhor do que no passado”, e afins, uma vez que constituem tempos diferentes, com necessidades diferentes, assim como com recursos diferentes e é preciso que a sociedade compreenda que cada tempo funciona com os recursos de que dispõe.

29/05/2019