Eucaristia sinal de contradição

O pequeno pardal por si só pode atingir certa altura em seus vôos, alguns podem atingir por vezes vôos mais altos do que os outros, porém nunca chegam as grandes altitudes como a grandiosa águia, que não só voa entre os cumes, mas também tudo vê lá de cima e vê muito além do que a visão do pardal pode alcançar. A única maneira do pardal atingir a altura do vôo da águia é se por ela for capturado, de modo que ela o leve até os altos cumes pela força de suas poderosas asas, lá ele chega então não por seu potencial de voar, mas pelo da águia. O homem por si tem suas potências e capacidades, pode "alçar seu vôo" e alguns podem alcançar vôos mais altos que outros se destacando em sua conduta. Porém Jesus é a grande águia, de modo que não importa a que ponto o homem consiga chegar em seu "vôo", o importante é prosseguir decididamente; e todos aqueles que se deixam "capturar" por Cristo voão mais alto ainda, à alturas que nunca chegariam por si só, mas que por Sua graça conseguem alcançar, pois ela é maior e muito mais forte do que a concupiscência que existe no homem, e todo aquele que se abre a Sua ação pode vencer o pecado e voar pelos cumes da santidade. E da mesma forma que a visão da águia vai muito além da visão do pardal, a visão de Cristo vai muito além da visão homem, pois Seu olhar ultrapassa as aparências e vê o coração, Seu olhar ultrapassa o tempo e não vê somente o que o homem é hoje, mas o que ele pode vir a ser.

Assim como para o pardal implica em morte ser capturado pela águia, o homem "capturado" por Cristo também morre, mas ao contrário do pardal que permanece morto, o homem morre para ser feito novo em Cristo e viver eternamente. Não é Cristo quem mata o homem como a águia mata o pardal, é o homem que decide morrer para si para viver essa vida nova, e ao contrário da águia que se alimenta do pardal, nesse caso é Cristo quem se dá em alimento ao homem, pois Ele não é somente a majestosa e poderosa águia, mas também o Fiel Pelicano que dá sua própria carne para alimentar os Seus. O pardal como alimento da águia a fortalece, é ele quem restabelece suas energias; entretanto na fé é o oposto, é Cristo quem se dá e restabelece o homem, pois o Senhor não precisa da essência do homem para ser ou permanecer mais forte, Ele é pleno por Si só. O homem é um nada e nada acrescenta ou altera na natureza de Deus, o nada do homem em Deus não faz Deus ser menos Deus, mas o tudo de Deus no homem tudo transforma profundamente; e nesse mistério profundo de fé e amor as asas que levam o frágil pardal que é o homem para os altos cumes da santidade são os braços de Cristo abertos na cruz.