"BANALIDADE DO MAL". A GRANDE PENSADORA CONTEMPORÂNEA.

O exercício por compreender resulta bem daquele aluno criança que não se esforça nem se dirige ao objetivo de aprender. Diríamos, está disperso. Não lhe interessa o tema, estudar, quer brincar.

É assim também na vida adulta. Só nos prende a atenção o que nos interessa. Resulta também fundamental a aptidão para aprender. Mesmo se esforçando a pessoa não aprende. Nesse caso configura-se uma disfunção muito comum. Está presente diante de nossos olhos em inúmeras pessoas.

Hannah Arendt coloca a compreensão como base de qualquer percepção satisfatória. É assim a solução para poder penetrar no que seria a primeira vista sem acesso, afastada a impeditiva disfunção.

Aos quatorze anos lia Kant. Crítica da Razão Pura, de acesso fechado à simplicidade.

A visão do mundo e da “banalização do mal”, fator de compreensão de poucos na desestabilização social, bastante presente no Brasil, é fundamento das tiranias aparentes ou mascaradas.

Isto é solar. Arendt situa os regimes totalitários como a “grande praga” da humanidade. Seu livro “banalidade do Mal”, QUE DESFILA SOB NOSSOS OLHOS NO DIA A DIA, indica a aceitação pela banalização desse estado de coisas. E dessa ambivalência do totalitarismo, que é ou não presente de forma vigente sob leis, ou aparente e envolto em véus, retira sua retórica.

O mal é o principal discurso de fundamentação na reflexão político-filosófica da teórica que recusa ser filósofa.

O alicerce da pensadora é a experiência totalitária. Deixa claro sempre que liga essa experiência das ideias políticas ao mal.

Hannah Arendt discorreu enfaticamente sobre a violência perpetrada pelos governos totalitários.

A soberania desse mal, dizia, incide em ser “mais opressor que a escravidão e a tirania, é mais destruidor que a miséria econômica e o expansionismo territorial. O controle total pretende atingir e capturar os humanos”.

E acusa todos os regimes e ideias políticas de insuficiência para essa demonstração. O que há de novo na filósofa política que não queria ser filósofa, é que o mal não estaria “movido por malignidade”, mas da “artificialização da natureza ocorrido com a massificação, a industrialização e a tecnificação das decisões e das organizações humanas na contemporaneidade.”

É como se assiste no Brasil a banalização do mal em várias frentes, e na política os que assim se conduziram, crendo que fazem o bem e se rotulando como paraninfos da bondade e distribuição de riquezas, não importando os meios, como em Maquiavel.

Incursiona com sua máxima oxigenação cerebral no Kantismo, e nos fala sobre o “mal radical”, na percepção de Kant que o mal pode ter origem não nos instintos ou na natureza pecaminosa do homem, mas nas faculdades racionais que o fazem livre.

E o mal surge das faculdades humanas às suas circunstâncias.

O mal radical no Kantismo vem de recusa voluntária e consciente ao bem, estando vinculado ao hábito humano, servindo como instrumento, e não como fim em si mesmo.

“O mal radical está associado ao totalitarismo, organização governamental e sistemática da vida dos homens prescindindo do discurso e da ação, considerando-os meros animais, controláveis e descartáveis. É uma forma de governar sustentada, explicitamente, no pressuposto do extermínio de setores da população e não apenas na sua opressão ou instrumentalização. Isso não diz respeito apenas à exclusão sócio-política do criminoso, nem à eliminação do opositor ou inimigo, mas a atualização da lógica da descartabilidade humana inerente àquelas formas de governo.”

Ponto central da banalidade do mal em seu discurso teórico/empírico. Sem contestação razoável.

E sentenciou afirmando: “talvez os verdadeiros transes do nosso tempo somente venham a assumir a sua forma autêntica – embora não necessariamente a mais cruel – quando o totalitarismo pertencer ao passado”.

Cobrindo julgamento de Eichmann ocorrido em Jerusalém, em 1962, para uma revista americana, Arendt mostra uma profunda perplexidade com a forma de Eichmann ao falar de suas atividades como carrasco nazista. Isso faz Arendt usar o termo banalidade do mal. "Estamos diante de um tipo de mal sem relação com a maldade, uma convicção ideológica. Trata-se do mal gerando o mal, não há fundamento. O praticante do mal banal não conhece a culpa. Ele age semelhante a uma engrenagem do mal. O mal banal tem causa em si mesmo, sem raiz, se multiplica e devasta populações humanas em diversos lugares da terra."

Essa calamidade está encaminhada para o fim, vem cessando paulatinamente,

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 07/03/2020
Reeditado em 07/03/2020
Código do texto: T6882383
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