Discurso para Ninar Saracuras

Ao cruzar com os bovinos nos campos e pastagens, por aqui, eles me olham com ares de discriminação, fulos da vida, em tempo de lançar-me nos ares, mandando-me para Marte, com seus chifres longos, curvos e pontiagudos; que mais parece aguilhões.

Sem saber como agir, se sigo o caminho que escolhi ou intimo-os a um interrogatório olho no olho, penso se é meu irmão gêmeo que andou sugando, explorado-os; e eles pensam que sou Eu. Consultei zootécnicos, agronômos e veterinários, os quais disseram para procurar profissionais especialistas com formação Harvard e Oxford, sobre o caso.

Triste e lamentável Psicologia e Psicanálise que estudam os vários comportamentos e psiquês, mas ainda não conseguiram desvendar os mistérios que passam nas mentes dos bovinos.

Estando Ele sob acesso de sólida lucidez, Jung berrou aos ares: "Aprenda as teorias e quando seu paciente entrar pela porta, esqueça-as".

Enquanto recordo o insolente Jung, vou caminhando, assoviando e desafiando o perigo; uma hora qualquer, posso receber o presente que não pedi.

Tenho inveja, quanta inveja, terrificante inveja; e dificilmente deixo de ser invejoso. Agora, por exemplo, eu queria ser útil, necessário e assim, ser chamado de essencial; por ser um gari ou um coveiro honesto, sério, comprometido, por dar fim dígno à quem fez, ou não, por merecer.

A alquimia sonora da Medusa entorpece a aragem noturna. Lá no alto, bem no alto das colinas, sob o vento minuano, dançam as folhagens do coqueiros. Por sua vez, a lua silente sopra o frescor sobre o vale e espreita uma mente inquieta, cujos pensamentos vacantes não lhe basta.

Longe, bem longe de utopias e devaneios de mentecaptos e néscios, um dia qualquer, a paz, a felicidade e a harmonia será evento ecumênico universal; e não de um poucos.

Eu acredito em coisas de gente, em presentes de papai noel, também em crias oriundas de cegonhas, no fantasma da mula sem cabeça, tanto quanto, acredito em milagres produzidos por políticos!

Em breve o sol outonal brilhará; e contrário do sol, se não tens competência para me oferecer o excelente, o razoável Eu dispenso!

Muito bom dia, terráqueos; por que Eu permanecerei à margem do rio, exatamente no ponto, onde suas águas correm solenes e os garranchos desesperançados param na curva, discursando para as Saracuras, marrecos e garças brancas. E embora sabendo que todos os receptores já estão saturados de ouvir-me, evoco novamente o espírito de Jung para finalizar, este: "na vida, ou adapta-se; ou morre".

Façam suas apostas, pois é tudo em nome da lei imposta pelos humanos, para os humanos.

No oculista, pedi para ver alguns óculos escuros, o atendente me trouxe uma máscara que deixava, apenas os olhos destapados. Pediu desculpa; e disse que eu estava desatualizado, pois a moda agora, é essa.

Quando falta bom senso e respeito na relação humana, impõe-se o medo; e se ainda persistir o desrespeito, o chicote do terror.

Uma das piores, se não a pior coisa que aprendi na vida, é motivar e estimular quem não não está disposto

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 06/05/2020
Reeditado em 10/05/2020
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