Drogas: Utilidade ou Problema?

Prezados (as) leitores (as):

O discurso a seguir é baseado em pergunta feita em outra rede social onde se questionava se as pessoas que usam drogas poderiam ou não serem ouvidas quanto a suas opiniões políticas. Longe de mim fazer qualquer apologia a alguma prática criminosa como o uso de drogas ilícitas ou mesmo a comercialização delas. Declaro ser contra tais atitudes pois o caminho da sabedoria e da paz interior vem de difíceis escolhas. Entretanto, gostaria de que o leitor pudesse entender que cada um dos pontos de vista a seguir são prerrogativas de usuários de drogas com e sem prescrição médica. Por isso, convém entender que a doença da mente tem sido tratada com alguns fármacos, com sua devida prescrição médica.

Devemos ouvir alguém que usa drogas fazer algum discurso sobre política, religião, arte, educação, culinária, legislação etc? Bom, pra responder gostaria que verificássemos tais situações:

Quando ouço rock internacional vejo belíssimas obras e composições ligadas a músicos e astros sob efeitos de drogas. Eles pintam quadros em nossas mentes com a percepção deles alterada sob efeitos de drogas. Não há provas de que outros pintores, poetas, bardos e até líderes religiosos não tenham feito uso de plantas e substâncias psicotrópicas no passado pra produzir as mais belas obras, como a Divina Comédia, por exemplo. Isso leva a crer que a administração de fitoterápicos ( drogas lícitas ou ilícitas) podem ser a panacéia que procura-se pra obter certo sucesso. O mundo anda doente de criatividade e muito dessa cura vem de alguma receita caseira, fitoterápica ou prescrita por algum psiquiatra registado.

Pessoas normais amam arte de esquizofrênicos e muitas vezes falam mal deles, quando estão próxima, reclamando de seus comportamentos. Os esquizofrênicos, por si, são cheios de sensibilidades. Drogas podem ser ruins se usadas como forma de obter prazer, mas o que cura alguns, põe em vantagens outros. Muitos esquizofrênicos usam drogas (lícitas e ilícitas) pra aliviar suas percepções, reduzir o estresse até mesmo aguçar a imaginação. Alguns pioram com o uso, infelizmente. A ciência não inventou algo que os auxilie sem uso de tais fármacos. Muitos destes humanos, quando abandonam as terapias e usos de fármacos, suicidam-se. Lamentável perder alguns desses.humanos principalmente quando detinham habilidades musicais, literárias e outras e poderiam contribuir para uma construção social de algum modo.

Vejo notícias de pessoas que pra vencerem seus oponentes em olimpíadas e concursos usavam alguns estimulantes, até que fossem detectados em exames anti-dopping. Atletas condecorados, pugilistas famosos, atiradores de elite, estudantes de Medicina, doutorandos em Ciência da Informação. Homens e mulheres de todo o mundo tentando fazer o possível pra vencerem seus desafios e oponentes. Alunos e autodidatas fantásticos que mesmo sendo tão competentes e dedicados rendiam-se a tentação do uso de drogas diante de um medo do fracasso, justificando tentarem combater desvios de atenção e focalizar melhor em seus conteúdos e treinos. Estes utilizavam atitudes do mais clássico trotskismo: quando pra eles os fins justificavam os meios...

Vejo pessoas boas que sofrem algum trauma psicológico refugiando-se em religiosidades. Porém, na solidão de seus apartamentos, usam algum chá pra dormir, algum fármaco baseado em alucinógenos pra conseguir relaxar, alguma droga de farmácia com ou sem receita pra poderem sonhar. São oprimidas pelas notícias ruins do aumento do gás, da inflação na conta de luz, da carga dolorosa dos impostos sobre nossos trabalhos. Usam drogas pra ter um pouco de paz e pra descansar a mente. Usam e continuam sua trajetória rumo a divindade, afinal ter fé é subjetivo e não importa se houve alguma adulteração proveniente dos fármacos aliviadores.

Vejo jovens se amotinando em alguma praça. Eles querem fazer e manter amigos ou mesmo ter algo em comum. Querem ser aceitos entre as tribos urbanas que formam-se na adolescência. Acendem um cigarro mesmo não gostando de fumaça. Compartilham guimbas e pontas de cigarros. Fazem isso pra desestressarem das cobranças por resultados escolares feitas por seus pais e responsáveis. Vivem um momento a margem da lei até que o camburão os separem ou até que suas famílias os invoquem. São seduzidos por algum traficante local a terem acesso aos anti depressivos e alucinógenos. Afundam até tragédias maiores ou percebem o perigo do crime iminente e fogem dessa realidade antes do pior acontecer. Ouvem notícias de assassinatos provocados por dividas de drogas e voltam pra casa dispostos a recomeçar do jeito mais conveniente às famílias.

Vejo autoridades públicas sobrecarregadas de trabalho em três turnos, fora cobranças domésticas, se refugiarem em em anti-depressivos e supressores de ansiedade após jornadas de trabalho exaustivas. Vejo promotores públicos externando suas insatisfações em redes sociais e tendo vergonha dos resultados e manobras ruins de presidentes, deputados, governadores, vereadores e perfeitos. Vejo drogas em suas mentes pra manterem a salubridade. Eles usam drogas prescritas por algum psiquiatra pago. Pagam pra ter acesso aos ansiolíticos mais fortes pra que continuem de pé. Sofrem mas crêem em uma cura.

Leio livros de História Geral. Fontes de informações úteis sobre o passado. Vejo líderes religiosos matando bruxas em fogueiras e acusando-as de usarem drogas. Depois vejo batalhões em exercítos militares fazendo uso de drogas pra manterem seus soldados mais acordados ou entorpecer a dor dos ferimentos sofridos durante as batalhas. Vejo um batalhão de vitoriosos nazistas usando morfina e subindo o Volga na Segunda Guerra Mundial. Eles queriam ser vistos como heróis da ocasião, e mesmo assim sucumbiram em Stalingrado.

Vejo um outro batalhão de norte-americanos testando compostos químicos alucinógenos sob ordem de seus generais afim de que vençam as batalhas e acumulem riquezas dos países que invadem pra garantir a ordem "deles". Vejo um presidente norte-americano dizendo que a papoula do Afeganistão é usada por criminosos e que pra custodiá-la a um uso mais responsável, seria necessário tomar dos nativos afegães e fazer um controle de tais drogas. Vejo a mesma papoula em containers com destino a indústria farmacêutica europeia pra fabricação de anestésicos tópicos que venderão milhões nesse mundo novo do estresse e do isolamento social pós pandemia.

Seria esse mundo capaz de se manter sem que as pessoas usassem drogas? O que seria mais correto: a burocracia da necessidade de uma receita médica pra o usuário administrar o consumo após uma consulta com o psiquiatra e emissão de notas fiscais das farmácias e drogarias, ou o uso de substâncias psicotrópicas sem nota e sem consulta médica pra surtir os efeitos desejados ( e indiferente de haverem colaterais)?

Todavia, desejo que esse mundo seja capaz de deliberar acerca dessas razões algum dia, reduzindo o sofrimento das famílias, os gastos da Segurança Pública e do Judiciário com tantas prisões e operações. E respondendo a indagação do início do discurso: devemos ouvir as pessoas indiferente do sofrimento que tiveram com uso das drogas, pois respeitar a humanidade dessas pessoas é algo necessário pra manter esses tempos de paz.

Glaussim
Enviado por Glaussim em 27/05/2020
Reeditado em 28/06/2020
Código do texto: T6959705
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