PERTURBAÇÃO DA ALMA

- Oh, Mistério da injustiça, apodrece-me a carne e vaga a minha alma pela imensidão das trevas; não sou eu virtuoso?!, então por que me deu tamanha aflição? Fui humilde, tive temperança, abdiquei de tronos e principados, libertei escravos, doei, ofertei, dediquei-me ao Mistério, esmolei aos pobres, fui cativo, permaneci-me à fidelidade ao teu eu, não subjuguei, não tive mais que o necessário para a minha existência, para a minha e a do meu próximo; não cobicei, não furtei, não matei, não tive inveja e nem rancor. Compreendi e obedeci. Percorri desertos, levei o teu nome ao infinito, expulsei demônios, fui pastor, ovelha, filho e pai, e o que tu me deste? a maldição da alma! Incrédula injustiça, desgraçada aventura, hoje sou apenas uma carne faminta em pecados, desolada, vagante e temerosa. És justo? Roguei-te, ajoelhei-me, humilhei-me, e nada em troca tive; bendita seja a minha desgraça. Não, não mereço tamanha desventura, não mereço a injustiça sobre mim. Sou digno da dignidade da alma e da salvação perpétua. Não, eu não te amaldiçoei, porém maldigo-te agora, infinitamente. Oh, desgraçada vida, quede a minha Verdade?

Fabio Martins
Enviado por Fabio Martins em 31/07/2020
Reeditado em 31/07/2020
Código do texto: T7022479
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