"CATA-VENTO" Sandra Ravanini// "ROSA-DOS-VENTOS" Eme Paiva
CATA- VENTO
SANDRA RAVANINI
Deixar de ser quem eu era, se sou a soma do que fiz,
é renegar a minha existência, não fecho portas,
e mais, escancaro as janelas das suas dores mortas.
Arco-íris.
Sou o silêncio quando alcanço a dor que a sua voz me lança,
então por fora sou somente o espaço que tenho aqui dentro,
e mais, transbordo a melodia em olhar em adormecido acalento.
Arco-da-aliança
Quando fecho o semblante e pego-me perdida igual um ateu,
é pela enorme distância que se faz ao ver fechada essa porta,
e mais, detém minhas águas, qual represa lágrimas comportas.
Arco-de-Deus.
Se empunho bandeiras e flâmulass e me reinvento,
pois abdico de títulos e ando de alma nula e descalça,
e mais, reuno-me em ligas d'ouro, minha alquimia criança.
Cata-vento.
ROSA- DOS -VENTOS
No que me é imortal, incorporo o saber, aquisição
que me humilda vislumbrar quanto não sei,
e ainda, abranda a ânsia, o saber que procurei.
Elo-de-ligação.
No silêncio das eras em mim, no eco, o nexo
talvez seja vestígio, presságio do grito ao salto,
e ainda, estou predestinada a saltar para o alto.
Arco-reflexo
Lacrimejo senhas do riso, ao portal glorioso
e vicío, lenta viandante para quintais dos prantos,
e ainda, amortalho máculas ao réquiem que canto.
Círculo vicioso.
Propulsiona-me, a vida, compassos e movimentos.
Sigo liberando enganos, elaborando acertos,
e ainda, sou nau e âncora, ao farol dos meus consertos.
Rosa-dos-Ventos