"CATA-VENTO" Sandra Ravanini// "ROSA-DOS-VENTOS" Eme Paiva

CATA- VENTO

SANDRA RAVANINI

Deixar de ser quem eu era, se sou a soma do que fiz,

é renegar a minha existência, não fecho portas,

e mais, escancaro as janelas das suas dores mortas.

Arco-íris.

Sou o silêncio quando alcanço a dor que a sua voz me lança,

então por fora sou somente o espaço que tenho aqui dentro,

e mais, transbordo a melodia em olhar em adormecido acalento.

Arco-da-aliança

Quando fecho o semblante e pego-me perdida igual um ateu,

é pela enorme distância que se faz ao ver fechada essa porta,

e mais, detém minhas águas, qual represa lágrimas comportas.

Arco-de-Deus.

Se empunho bandeiras e flâmulass e me reinvento,

pois abdico de títulos e ando de alma nula e descalça,

e mais, reuno-me em ligas d'ouro, minha alquimia criança.

Cata-vento.

ROSA- DOS -VENTOS

No que me é imortal, incorporo o saber, aquisição

que me humilda vislumbrar quanto não sei,

e ainda, abranda a ânsia, o saber que procurei.

Elo-de-ligação.

No silêncio das eras em mim, no eco, o nexo

talvez seja vestígio, presságio do grito ao salto,

e ainda, estou predestinada a saltar para o alto.

Arco-reflexo

Lacrimejo senhas do riso, ao portal glorioso

e vicío, lenta viandante para quintais dos prantos,

e ainda, amortalho máculas ao réquiem que canto.

Círculo vicioso.

Propulsiona-me, a vida, compassos e movimentos.

Sigo liberando enganos, elaborando acertos,

e ainda, sou nau e âncora, ao farol dos meus consertos.

Rosa-dos-Ventos

Maria Mercedes Paiva Paiva
Enviado por Maria Mercedes Paiva Paiva em 04/07/2006
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