672 -DUETO OU DUO DE Sílvia Araújo Motta com Henriqueta Lisboa-SILÊNCIO
672-DUETO OU DUO
DE Sílvia Araújo Motta
Com Henriqueta Lisboa
SILÊNCIO
Henriqueta Lisboa
E só depois da terceira noite
no recesso das nuvens
ao abrigo de torrentes e burburinhos,
principiareis a ouvir o silêncio.
Não o rumor de insetos
contra os vidros do ar,
nem os dos talos
de planta crescendo.
Nem mesmo a bulha mínima
de rocio a escorrer em pétalas.
Mas a aragem da mudez que precede
ao balbucio do pensamento.
Obscura nostalgia de acorde
em fios tensos de violino
antes de feri-los o arco.
Um apenas prenúncio de passos
de amorosos passos divinos
caminhando no tempo
sobre impalpáveis areias
e musgos tácitos
e brancas pedras votivas.
Um como fulgir do sangue
à hora da almejada entrevista.
O abandono do corpo
-não à atração telúrica-
à transcendência da natureza.
E o coração da criatura
pulsando uníssono
ao encontro do vivo
coração do Criador.
O SILÊNCIO DE HENRIQUETA
Sílvia Araújo Motta
O SILÊNCIO de Henriqueta Lisboa
transcende a natureza humana
pelo amor, oração, fé e caridade
nas luzes que sua vida emana.
Vai em busca da VERDADE,
para chegar às altas esferas,
à morada da eternidade.
Transparece na infinita gratuidade
de Deus Pai do Amor à espera
da almejada entrevista real.
Com pulsação uníssona
plena de sua terrena lealdade
com braçadas de esperança,
transpõe as próprias dificuldades.
Para o consciente ofertório vital,
com nuvens em recesso,
sem o rumor dos insetos,
sem os sons das plantas a crescer,
sem a gotícula a escorrer na pétala,
caminha no tempo
em paz, na serenidade
do abandono do corpo,
no desejo divinal expresso.
No prenúncio dos firmes passos,
conta seu tempo de entregar
ornado o altar de sua vida.
A última raiz do coração
encaminha o fulgir do sangue
para fazer ao Criador
a sua eterna oblação.
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