Diários de uma gaveta
Olho-te todos os dias no relance do abrir ou no fechar
Absorvo todas as poesias, palavras, duvidas que em mim possa guardar
Obtenho seus segredos dos contos sempre por terminar
Onde há sempre a “mera coincidência...”
Leio teus livros “especiais”... Logo conheço sua consciência
Guardo retratos, fotos 3x4 e retalhos
Guardanapos de momentos menores que sua proteção
Gravo riscos no ir de vir de sua mão
Corra! Guarde aquele rabisco largado ai ao chão!
Ah... Todos esses medos!
Imaginas perder seus segredos?
Sempre escondendo algo do mundo
Mas querido não me iludo
Sei quem és, pois contenho sua essência!
Deitada de pernas ao ar sigo no embalo do teu abrir e fechar
Caí e fiquei presa aqui dentro quando um dia estive a te espionar
Estava a espreitar o homem, aquele de tanta poesia a me tontear
Onde nada é coincidência
Queria eu me encontrar ali dentre tantas lembranças, uma peça a mais
Quebrando minha cabeça pra talvez o poeta homem, desvendar
Tentei terminar as frases, montar os fins das estórias, quem sabe
Brinquei de armar pedaços de imagens, construir o sonho ideal
Percebi não ser possível pois seria injusto escolher um só final
Até afaguei alguns riscos com as palmas das minhas mãos
E cá estão os guardados impregnados pelos meus dedos
Pois construí uma passagem pra sair por aí, tomar um ar
Dar um tempo pra mim e pra ti, pra tudo se renovar
Mas volto de tempos em tempos, pra rever os meus segredos
Otavio JM e Ana Átman