Busca Outonal

As águas perrengues e orvalhantes retiram-se apressadas

Aos meus olhos somem sem fôlego as paisagens de verão

Pulsa no peito um suspiro fresco, brando e avermelhado

Eu sinto que virás qual destino, feito brisa, tal anunciação

Posso ver o teu vulto singelo feito sombras e feições...

Não resistindo ao teu melódico chamado saio do meu estado

Rompo as folhas secas da insatisfeita passagem temporal

E pelas veias e penumbras sinto a chuva beijar-me a face

Fico como que extasiado diante do teu semblante que aquece

A minha visão ainda esperançosa de que não fujas apressada

Não aparento e nem escondo pressa alguma

ainda que te perceba ali do outro lado da porta...

Este mundo forma uma densidade intrascritível

mas sei que és apenas um nesta numerosa multidão

de tanto te esconderes, acharás estrada até mim...

É na névoa densa que te seguro pelos meus braços

Rasgo de avassaladora luz ilumina nosso encontro

Estou decidido a refletir contigo o bailado das estações

A estrada que levou a ti é a que busquei nas emoções

Durante vários dias vazios eu só almejei tua presença

Às vezes corro ao teu encontro em noites quase frias

Entre ruas sem saídas recolho frutos maduros ao chão

Sob troncos retorcidos muito cedo posso te encontrar...

Um dia busquei-te em segundo imaginando lugar longe

Pontualmente descobri tua imagem qual fosse a minha...

Sou feito dos teus anseios, sejam lúgubres ou alvissareiros

Sonho o contato com teu corpo mesmo que seja passageiro

O que importa é ver adentrar a porta para o riso ficar solto

Pago qualquer preço pelo prazer da tua companhia inteira

A dissipar minhas tristezas e ter alento, a cessar o pranto

Tão cedo chegará o inverno e necessito que me aqueças

Por tal poema de outono, achar-te neste sonho preparado...

Sei que estás do outro lado da porta que desejo abrir

Por isso outono desvendado bem antes que amanheça

E eu te tenha fruto maduro pra tantas e todas estações.

E ao ouvir pelo vento o sussurrar desse teu outonal canto

Obedeci de pronto e aqui estou para cobrir-te de encantos

Descerradas portas, janelas e frestas com coração em festa

Venço tempo e espaço pelo prazer do teu beijo e abraço

A entoar e enfrentar a geleira do inverno com estes versos.

Duo: Nalva Ferreira e Hildebrando Menezes

Nalva
Enviado por Nalva em 27/04/2011
Código do texto: T2935160
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