Pássaros (Naldo Velho) & Poeta Passarinho (Guida Linhares)

PÁSSAROS
NALDOVELHO

Pássaros noturnos em minha cama,
aninham-se em meu travesseiro
e deixam por lá, gotas de orvalho
misturadas à raios de luar.

Talvez por isso eu acorde
vazio de angustias
e com a sensação de que o dia
vai ser de procuras
e ainda que haja o desencanto
ele não será dolorido, nem tanto,
e a poesia que eu tenho
há de permanecer pelo ar.

Pássaros, madrugadores que são,
cantam hinos ao novo dia
e comovidos anunciam
que estarão sempre presentes
aconteça o que acontecer.

Talvez por isso, predadores
permaneçam afastados, impotentes
de semear vazios de entranhas,
indiferenças estranhas,
e, principalmente, secura de versos,
pois se alimentam da estiagem de quando
o poeta não consegue chorar.

Pássaros viajantes
cruzam o céu minha cidade,
em suas penas, mensagens,
do amor que eu trago preservado,
lado esquerdo do peito,
na realidade, poemas,
inventário dos meus momentos
coisas que eu nem sei se vão te interessar.

POETA PASSARINHO
Guida Linhares

Poeta és um passarinho
entoando um canto de dor,
que mais parece um hino,
devotado ao puro amor.

Quando em êxtase versejas,
com as tuas asas de sonhos,
Em verdade tu apenas gorjeias,
teus sonhares mais tristonhos.

E as lágrimas que descem,
travestidas de ricas rimas,
são águas que desfalecem,
carregando todas as cismas.

Que de paixão teu peito arde,
nas noites de muita tristeza.
Teus pássaros vindos da tarde,
escondem de tua alma a beleza.

E vagas pelas ruas da tua cidade,
com os bolsos repletos de ilusões.
Nenhum amor tivestes de verdade,
a te aquecer do frio nas estações.

Só te resta o consolo da poesia,
essência de amor que nunca termina.
Um doce pássaro que a todos contagia.
Em sua mais alta magia, seduz e fascina.

&&&

Dueto em 27/02/2008 - Grupo poético do Yahoo
Ziguifrida_florismenia