Colombina/Alegria dos Inocentes

Colombina de prata

Sandra Ravanini

As serpentinas colorem quantos sexos fecundos

de ilusões que explodem nos primeiros segundos,

e a menina nua, contempla essa passarela cerviz,

tal a porta-estandarte da verde bandeira meretriz.

Pátria minha, conivente mãe e serena prostituta,

brada a colombina de prata os orgasmos do sutra

nos sussurros do asfalto figurando o irônico hino,

que na voz encerra o desafeto contido no desatino.

Engravida de um arlequim qualquer que lhe come,

melhor assim, poderia ser aids, fruto do codinome,

e outros sem-tetos, e sem-nomes nascem na favela,

onde o traficante vomita o pó na bandeira amarela.

O mundo assiste esgazeado o país dos fantasiados.

Implora o abre-alas. Viva a bateria dos enganados!

A colombina, agora de lata, na quarta das mínguas

desperta na miséria azul, chorando à vida de cinzas.

Sandra Ravanini

09/02/2007

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Alegria dos Inocentes

Angélica T. Almstadter

Quem dirá se depois da folia virá a alegria,

Nos encantados e tão cantados barracos,

Os espoliados retornarão à rotina de cada dia

Não será alegoria ser feliz entre trapos?

A pátria desfila sorridente nas avenidas

Entre serpentinas e máscaras, é rainha

No reinado da utopia. Tapa as feridas

Bebe luxo escondendo a vazia cozinha.

Um ano inteiro vai sacudir em Feveiro,

Espantar os grilhões da míséria infame

O morro vai reinar. E viva o brasileiro!

Viva a alegria dos milhares sem nome!

Onde a etnia não vem no lugar primeiro.

Viva a alegria que fala mais alto que a fome!

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 10/02/2007
Código do texto: T376951
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