Dueto (Paráfraseado): Vou-me Embora pra Pasárgada - Manuel Bandeira e Vou-me embora pra Moasia -Giovânia Correia

Vou-me embora pra Pasárgada - Manuel Bandeira

Vou-me embora pra Pasárgada

Lá sou amigo do rei

Lá tenho a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada

Aqui eu não sou feliz

Lá a existência é uma aventura

De tal modo inconseqüente

Que Joana a Louca de Espanha

Rainha e falsa demente

Vem a ser contraparente

Da nora que nunca tive

E como farei ginástica

Andarei de bicicleta

Montarei em burro brabo

Subirei no pau-de-sebo

Tomarei banhos de mar!

E quando estiver cansado

Deito na beira do rio

Mando chamar a mãe-d'água

Pra me contar as histórias

Que no tempo de eu menino

Rosa vinha me contar

Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo

É outra civilização

Tem um processo seguro

De impedir a concepção

Tem telefone automático

Tem alcalóide à vontade

Tem prostitutas bonitas

Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste

Mas triste de não ter jeito

Quando de noite me der

Vontade de me matar

— Lá sou amigo do rei —

Terei a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada.

Vou-me embora pra Moasia -Giovânia Correia

Também vou embora Manuel

mas para outro lugar

Não ficarei mais ao léu

MOASIA irei encontrar

Vou-me embora pra Moasia

Vou-me embora pra Moasia

Pois não é triste esse lugar!

Lá terei o amor

E bem faceira irei juntar

colorindo de esplendor

todo o meu despertar

dando assim um novo sabor

que irá me transformar

Lá também conseguirei sorrir

Com estrelas brincarei

A lua irei despir

As nuvens eu picharei

Fazendo um novo porvir

Sabendo que lá encontrarei

tudo que irá me nutrir

A minha voz eu mostrarei

Também poderei sentir

Que tudo que usarei

não poderei mais omitir

será como um astro-rei.

Em Moasia tudo é permitido

Ouve-se sempre o coração

que já não fica inibido

e não faz objeção!

Acende-se a libido

Entra-se em nova constelação

Sentindo-se por fim refletido

um amor com sedução.

Quando a melancolia bater,

abatida e em desatino...

Não deixarei de crer

que em Moasia tem algo divino

Lá não irei mais temer!

Nada irá me tirar o tino

Lá poderei viver!

Moasia!É meu destino.

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Manuel Bandeira: um dos grandes poetas da literatura brasileira

Biografia, obras e estilo literário

Este notável poeta do modernismo brasileiro nasceu em Recife, Pernambuco, no ano de 1886. Teve seu talento evidenciado desde cedo quando já se destacava nos estudos.

Durante o período em que cursava a Faculdade Politécnica em São Paulo, Bandeira precisou deixar os estudos para ir à Suíça na busca de tratamento para sua tuberculose. Após sua recuperação, ele retornou ao Brasil e publicou seu primeiro livro de versos, Cinza das Horas, no ano de 1917; porém, devido à influência simbolista, esta obra não teve grande destaque.

Dois anos mais tarde este talentoso escritor agradou muito ao escrever Carnaval, onde já mostrava suas tendências modernistas. Posteriormente, participou da Semana de Arte Moderna de 1922, descartando de vez o lirismo bem comportado. Passou a abordar temas com mais encanto, sendo que muitos deles tinham foco nas recordações de infância.

Além de poeta, Manuel Bandeira exerceu também outras atividades: jornalista, redator de crônicas, tradutor, integrante da Academia Brasileira de Letras e também professor de História da Literatura no Colégio Pedro II e de Literatura Hispano-Americana na faculdade do Brasil, Rio de Janeiro.

Este, que foi um dos nomes mais importantes do modernismo no Brasil, faleceu no ano 1968.

Suas obras:

POESIA: Poesias, reunindo A cinza das horas, Carnaval, O ritmo dissoluto (1924), Libertinagem (1930), Estrela da manhã (1936), Poesias escolhidas (1937), Poesias completas, reunindo as obras anteriores e mais Lira dos cinqüenta anos (1940), Poesias completas, 4a edição, acrescida de Belo belo (1948), Poesias completas, 6a edição, acrescida de Opus 10 (1954), Poemas traduzidos (1945), Mafuá do malungo, versos de circunstância (1948), Obras poéticas (1956), 50 Poemas escolhidos pelo autor (1955), Alumbramentos (1960), Estrela da tarde (1960).

PROSA: Crônicas da província do Brasil (1936), Guia de Ouro Preto (1938), Noções de história das literaturas (1940), Autoria das Cartas chilenas, separata da Revista do Brasil (1940), Apresentação da poesia brasileira (1946), Literatura hispano-americana (1949), Gonçalves Dias, biografia (1952), Itinerário de Pasárgada (1954), De poetas e de poesia (1954), A flauta de papel (1957), Prosa, reunindo obras anteriores e mais Ensaios literários, Crítica de Artes e Epistolário (1958), Andorinha, andorinha, crônicas (1966), Os reis vagabundos e mais 50 crônicas (1966), Colóquio unilateralmente sentimental, crônica (1968).

ANTOLOGIAS: Antologia dos poetas brasileiros da fase romântica (1937), Antologia dos poetas brasileiros da fase parnasiana (1938), Antologia dos poetas brasileiros bissextos contemporâneos (1946). Organizou os Sonetos completos e Poemas escolhidos de Antero de Quental, as Obras poéticas de Gonçalves Dias (1944), as Rimas de José Albano (1948) e, de Mário de Andrade, Cartas a Manuel Bandeira (1958).

Fonte:http://www.suapesquisa.com/biografias/manuelbandeira/

Giovânia Correia e Manuel Bandeira
Enviado por Giovânia Correia em 07/04/2014
Reeditado em 10/04/2014
Código do texto: T4759195
Classificação de conteúdo: seguro
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