Destinos

E assim, bem menino(a) seguimos o destino,
Um a chorar e a sofrer sem o outro saber,
Seguimos a voar pelo mundo por assim querer,
Deixando os corações partidos, em desatino.

Acolhidos em outros bandos, vivem só, amadurecem,
Aceitos com o que lhes resta, apenas o carinho,
Sem o amor que partiu, o(a) deixou por outro ninho,
E com as migalhas que lhes restam, a vida tecem.

Um(a) menino(a) não percebe o que descreve a vida,
Se grande amor ou se brincadeira e entorpecido(a),
Divaga na correnteza, na torrente, e estarrecido(a),
Acorda tarde, bem tarde, para viver, ávido(a), a vida.

 
Não posso crer que este seja meu triste destino,
Viver novamente sem você após ter reencontrado,
Em seus braços, finalmente, o amor tão buscado,
Por toda uma vida vivida, desperdiçada em desatino.

Não concebo acolher-me em outro leito que não o seu,
Recuso me refugiar em outro abraço, em outro ninho,
Tecer a vida com migalhas que restem, sem seu carinho,
A lembrar somente do que um dia você me concedeu.

Recuso-me acordar do pesadelo que me assombra,
Que me assalta e despertar sem você a meu lado,
A ver que até nosso presente se tornou passado,
Que nosso futuro se esvaiu na torrente de sombras.

Injusto destino que insiste em nos separar agora,
Quando afinal descubro um real sentido para a vida,
Ao fenecer em seu regaço que me acolhe e, ávida,
Seus lábios prometem que você nunca vai embora.
LHMignone e Vana Barsan
Enviado por LHMignone em 08/07/2014
Reeditado em 23/10/2014
Código do texto: T4874860
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