Amor sem pouso

Quisera prender-te em meu ninho

bem forte, segurar-te

aninha-lo em meu peito

Aquieta-lo sob as batidas do coração

E quem sabe traria-me certezas

Que hoje são asperezas

De emoções abortadas, vai-se solto envolto em trevas

Uma sensação de vazio

Amor de asas abertas

Que voa pela imensidão

Em outros ninhos sem pousos,

sem direção, estranho amor a preambular em superfícies, abstendo-se do infinito, do profundo sentir de entregar-se.

Ágape amor que não sustenta promessas, como folhas secas soltas ao vento

Frio amor sem contentamento

Que vagueia vai e volta ferido

Fraco, sem rumo em desalinho

vem incerto, cheio de máculas

respingos de outros instantes

Resquícios de amores de outros caminhos

desfigurado, cansado de tantas andanças, buscando em mim encontrar segurança

E quando viril, refeito, renovado

Voraz como um vento, inquieto, revolve-se querendo voar pra tão distante do meu abraço

Dizendo num sorriso largo, que por ser amor anseia habitar em outros espaços

desventurado amor que semeia solos à ermo sem nunca criar raízes de apego.

Sinto o peito aberto ....

Em fragmentos espalhado

Partem os anseios

As palavras rondam sedentas

Cartas sem remetente

Ânsias que desprendem desejos

Um amor que precisa ser alimentado

Cuidado ... como flor num jardim

Quão longe meus olhos te alcançam

Por onde anda esse verbo amar em total

desprendimento ?

Inerente ao ser, ele grita abafado em muitos corações

Chora ... sangra ... apertado

Esmagado em lugares onde não lhe deixam entrar

Versos voam em bandos

Ousam tocar solos com pétalas secas

O amor observa o reflexo da poesia

Fazendo de cada verso, andarilho

A procurar um ser onde habitar

Comunhão de almas

Onde não se refute o porque do amar

Onde não haja metades, união 

Não há lucidez quando se fala de amar

O coração deita resignado

A alma do outro em ti se refugia

E todo teu sentir se faz sinônimo

Traduzido em poesia ...