QUISERA

Quisera fechar os olhos e não ver...
Ficar cego diante de todos...
Quisera tapar os ouvidos e não escutar...
Não ouvir falar de mais nada.
Quisera não sentir o corpo estremecer...
O tremor da revolta da indignação...
Quisera ao mundo não assistir morrer!
De penúria e inanição...
Homens que destroem a vida por ambição!
Ventos desastrosos desarvoraram
Homens que não enxergam além do poder! 
Frágeis ideais se dispersaram,
Homens que seguem sem conhecer a razão...
Apócrifos pregadores da utopia
Homens que fazem da dor o seu real prazer!
Quando a miséria não os atinge no dia a dia!
Sórdidos e hediondos são os crimes que praticam...
Vis celerados, cínicos e mercenários,
Igualmente odiosa é a nossa ignóbil omissão...
Somos fracos, indulgentes, otários.
Lançamos cotidianamente sementes de intolerância...
Mas de revoltas solitárias não surge a revolução
Quer nos apercebamos dessa realidade ou não!...
Somos cúmplices desta sociedade submissa!
Restam estatísticas frias, gélidas, macabras...
Que serão omitidas pelas lendas de estórias,
Que ao inevitável esquecimento amanhã recairão...
Neste prostrado e impune rincão...

As lágrimas sorrateiramente serão enxugadas...
As angústias no recôndito de tênues memórias,
Prosseguiremos à espera de Justiça: quiçá ao outro...
Quiçá à nós mesmos
...estendendo a mão!
por migalhas de pão!


Má Herculano // Maurélio Machado
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Obs. Transcrevo o comentário de Má (Marúcia) neste espaço, por ter sido suprimido (vírus) de meus comentários. Graças a Deus guardei-o pelo encanto:
Meu amado Maurélio... estou comovida demais... uma alegria e uma emoção tão grandes poder ter o teu carinho tão sincero e a tua parceira que escrevi num momento de tristeza profunda por nossa realidade... sublime e verdadeiro tudo o que escrevestes... sinto-me até sem palavras para comentar, mas, ainda assim gostaria de mais uma vez reafirmar o quanto te considero um homem íntegro, digno, atuante e sensível! Perdoe-me se tenho me ausentado um pouco... é que estive meio doente e ainda estou em fase de recuperação... mas, não te esqueço... beijo terno!
 
Obs.: Reeditado.
Enviado por Má Herculano em 08/11/2006 21:56
para o texto"Quisera, com Má Herculano"