O Jardim Das Lágrimas Silenciosas

Sinto essa fria brisa, dos lábios gelados de Deus

Que beijam a terra fornecendo essa vida

Percebo seu sorriso gerador de dor, a dor redentora

A mesma que me foi deixada por esse destino

Quem escreveu essas frases, doou morte à vida dessa arte

E é a minha alma que agoniza

A angústia da solidão não habita a morada do tempo

E eu encontro abrigo na minha própria inspiração

Eu te espero frente a porta desse lugar eterno

Tecendo cada fio da minha doce esperança

Quando morro a cada dia de ternura e distância

Sussurrando promessas de nunca voltar atrás

Me encontro acorrentado às suas asas

Ainda tentando voar pela última vez

Se você vive, morrem os sonhos, mas se morres...

Caem todas as folhas de outono como uma dança triste e vazia...

Os espíritos lacrimejam o poema de uma dor mais antiga que a vida

Enquanto eu adormeço em uma falsa calmaria

Eu parto com o vento, despindo-me do vazio

Vestindo-me de brisa e de emoções sem sentido

Quando olho nos seus olhos sem vista

Contemplo toda a tristeza que também é minha

Minha, como a flor atemporal de suas dores mais profundas

Que se esconde em um jardim de lágrimas silenciosas

Eu, que como anjo chorei seus dias, desfaleço em rios de escuridão

Afogando-me em melancolia

Se sou esse entreponto, ultrapasse minhas veias

Faça seu sangue correr por mim, trazendo-me alguma ilusão...

(Bianca Carvalho e Everton Cinelli)