O êxtase e o monstro do Lago Néscio

Quando o autor confessou-me o projeto octógono de escrever sobre os quatro gigantes da alma do saudoso médico Emilio Mira Y Lopes ( o amor, o dever, a ira e o medo), com o acréscimo de mais quatro livros sobre os também considerados gigantes humor, já publicado sob o título Sovacos: poesia sob os braços; e os outros três gigantes considerados pelo autor: o pensamento, a dor e o desejo, objeto temático deste livro, opinei que assim criava um cosmos particular para si mesmo, a maneira dos deuses gregos, os gigantes passavam a atuar sobre o autor, obrigando-o a olhar o mundo com medo, ira, dor, etcetera, Obrigando-o antes de tudo, como poeta, a sentir o mundo como se fosse o medo, a dor, em todas as suas dimensões e catarses. Ciente de que a filiação de Daflon é à tradição judaico-cristã e ao racionalismo grego, percebo que ao ter criado uma cosmologia particular, dorovante compartilhada conosco, o autor desloca o eixo de visão do mundo para sentir e pensar o mundo e no caso do desejo é que isso talvez fique mais claro e patente. Note-se que entre os gigantes da alma do cosmos há apenas um pecado capital (tradição judaico-cristã) que é o da ira. A luxúria que é tema afeto ao desejo