O PESQUISADOR MARCUS PEREIRA

O PESQUISADOR MARCUS PEREIRA

O dia 20 de fevereiro de 1981 ficará eternamente na memória dos artistas brasileiros e, futuramente, terá lugar de destaque nas anotações dos estudiosos da arte musical.

Uma semana antes, Marcus Pereira tentava contra a vida, tendo permanecido em coma até a madrugada de 20 de fevereiro quando veio a falecer.

Antes de tudo, um grande brasileiro que lutava contra as multinacionais do disco. Ex-publicitário, brilhante, deixou a profissão em 1973 para fundar seu próprio selo.

Gravou cerca de 110 LPês. Notabilizou-se pela extrema honestidade, belo caráter e excepcional qualidade profissional.

Muitos nomes poderiam desfilar entre tantos que receberam de Marcus Pereira apoio imprescindível para alcançar popularidade e valor reconhecido em todo o Brasil e até no exterior.

Os artistas baianos Elomar Figueira, Diana Pequeno e outros grandes nomes como Chico Maranhão, Cartola, Dércio Marques, Paulinho Nogueira, Marcus Vinicius, entre tantos.

Muitos LPs foram gravados pelo selo deste magnífico expoente da arte que o Brasil perdeu tão precocemente.

Todos os setores da arte brasileira, no campo musical, foram sacudidos com o dinamismo de Marcus Pereira, através convênios que conseguiu firmar com o MEC e as Secretarias de Educação e Cultura dos Estados, documentando a arte para a posterioridade; a arte popular, o folclore mais puro do nosso povo que passou à cera, com autenticidade e originalidade.

Num dos seus grandes trabalhos, a Banda de Pífanos de Pernambuco, em outros, cirandas, cantigas de roda, cantigas de ninar, cantigas de Reis, Bumba-Meu-Boi, Boi Garantido e tantos outros aspectos folclóricos do nosso Brasil.

Muitos dos seus amigos, músicos, políticos, intelectuais, estiveram presentes para o último adeus ao grande brasileiro, patriota a quem a história haverá de fazer justiça.

A luta de Marcus Pereira era um desafio ao controle da arte musical brasileira por empresas multinacionais que visam exclusivamente o lucro fácil.

Segundo alguns amigos, a gravadora Copacabana tem muito a ver com o gesto extremo de Marcus Pereira. Apesar de nada ter sido noticiado sobre o assunto, além das dificuldades para uma explicação mais convincente sobre a morte do grande profissional e amigo, temos convicção de que aquelas forças ocultas tão mal explicadas por Jânio Quadros, mas que existem e atuam contra o desenvolvimento do nosso país, tão rico em valores artísticos, foram responsáveis pelo ato.

Muitos artistas morrem no anonimato; e quantos morrem com fama e em absoluta miséria?

Ricardo De Benedictis
Enviado por Ricardo De Benedictis em 31/01/2006
Código do texto: T106331
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