D -- NOVE - O NÚMERO DIVINO

Dando prosseguimento à nossa série de ensaios sobre assuntos ligados a temas místicos e esotéricos, continuaremos a abordar o que havíamos chamado de "Constituição do Homem; a Alma e seus veículos de consciência".

Em nosso primeiro ensaio, vimos como se pode dividir "setenariamente" o Mundo, em planos e sub-planos, demos nomes a esses planos e chamamos de "mundo objetivo" ao que podemos perceber com os nossos sentidos físicos; e chamamos de "mundo subjetivo" àquilo que não podemos perceber, mas sabemos que existe, por constatarmos seus efeitos.

No segundo ensaio, falamos do Homem, como "personagem", agindo e interagindo nesses mundos. Mostramos como a "Mônada" ou Espírito, "chispa divina", para poder expressar-se nos planos inferiores ao seu, teve que se apropriar de átomos, nesses planos, para construir seus veículos; assim foi constituída uma "tríada" superior, nos planos Espiritual, Intuicional e Mental (abstrato ou superior); depois, foi construída uma "tríada" inferior, no Mental (concreto ou inferior), no Astral e no Físico. Vimos como essa "tríada" inferior começou a sua evolução nos reinos subumanos e como chegou ao reino humano, através da individualização.

Hoje, trataremos da formação dos diferentes "corpos" que serão os veículos da Alma no chamado "mundo da forma". Mas, primeiro, vamos falar do número 9:

O 9 é chamado de número divino, por ser a tríplice manifestação de trindade (perfeita representação da Divindade). Representa a multiplicação do Espírito por si mesmo (3X3) ou a integralidade da criação. É a harmonia da trindade, o poder da virtude, da benevolência e das formas harmoniosas. O 9 é o primeiro número da inspiração. É a imagem dos três mundos, razão de "ser" de todas as formas. Contém, em si, todos os outros números simples: e engloba todos eles e também os dissolve. Número ao qual se ligam todos os conhecimentos intelectuais, espirituais e materiais. Número de geração e transmissão de vida.

Isidore Kozminsky, em seu livro "Números: Magia e Mistério", começa a falar do número 9, citando um sexteto de Shakespeare, na "peça" Macbeth:

"De mãos dadas as irmãs feiticeiras,

da terra e do mar mensageiras,

assim giramos, assim, assim;

três voltas por ti, três voltas por mim,

e três voltas mais, nove fará;

Paz ! O encanto pronto está !..."

Para Pitágoras, o 9 era a linha curva. O 9 e o 4 são os números que contêm, em si, todos os números simples (os dígitos).

Como com o 7, muitas coisas se contam com o 9. Há nove musas: Calíope, da poesia; Clio, da história; Melpômene, da tragédia; Talia, da comédia; Euterpe, da música; Terpsícore, da dança; Érato, da inspiração e do amor; Urânia, da astronomia; e Polímnia, da eloqüência. Nove são os coros dos anjos: anjos, arcanjos, principados, virtudes, potestades, dominações, tronos, querubins e serafins. Nove anjos governam os céus: Metatron, Ofaniel, Zafquiel, Zadquiel Camael, Rafael, Haniel, Miguel e Gabriel.

Pitágoras também falava na "música das esferas" e as esferas moveis que nos envolviam eram: o "primum mobile"(motor primeiro), a esfera da Lua, a esfera de Vênus, a esfera de Mercúrio, a esfera do Sol, a esfera de Marte, a esfera de Júpiter, a esfera de Saturno e o "céu ornado de estrelas".

Voltemos a falar da "constituição do Homem":

A tríada inferior manifesta-se, como um todo, no Plano Físico, valendo-se de corpos que coexistem num único veículo de consciência: o "corpo físico denso". Depois que a Vida e a Consciência do Ego se retiram do veículo denso, a Tríada Inferior manifesta-se parcialmente, ocupando o Corpo Astral, que coexiste com o Corpo Mental; o veículo de consciência do Ego passa a ser o Corpo Astral. Depois que a Vida e a Consciência do Ego retiram-se do Corpo Astral, a Tríada Inferior manifesta-se apenas, através do Corpo Mental, que fica sendo o veículo de consciência do Ego, nesse plano. Quando, afinal, a Vida e a Consciência do Ego retiram-se, também, do Corpo Mental, recolhe-se ao Corpo Causal ou Egóico.

Como se formam os diferentes corpos que serão os veículos da Alma, nos planos Mental Inferior, Astral e Físico ?

-- O mecanismo, com suas características de construção de formas materiais, nas quais a Alma há de habitar por algum tempo, tem o nome de "ENCARNAÇÃO", ainda que, de fato, só a mais densa dessas formas ( o corpo físico) tenha constituição carnal.

O impulso que desencadeia o processo da encarnação provém da Mônada ou Espírito e pode ser traduzido como "vontade de existir como Ser" ou, mais singelamente, "vontade de mais experiências".

A tal impulso, responde o Ego ou Alma, retirando o foco da sua consciência do corpo causal e dirigindo-o "para fora", ativando a unidade mental permanente. Essa unidade inicia, assim, um novo período de atividade, que se caracteriza por entrarem, em operação vibratória, todos os registros nela acumulados. As vibrações da Unidade Mental gera um poderoso campo magnético que atrai e conforma, em torno dela, uma espécie de nuvem ovóide, com matéria dos quatro sub-planos inferiores do Plano Mental, em teor e proporções exatamente compatíveis com os registros nela existentes. A nuvem ovóide fica, assim, capacitada para ativar registros existentes ou desativá-los (por continuado desuso) ou para efetuar novos registros.

Toda a operação se repete, no que diz respeito à ativação do átomo astral permanente, com relação à nuvem ovóide de matéria astral compatível com os registros nele existentes.

Já para a construção do corpo físico, o processo é mais complicado e os detalhes serão objeto de um ensaio posterior. Basta dizer que nessa construção interferem seres de altíssima evolução, conhecidos como os "Agentes do Carma”, que fornecem os modelos mentais. Interferem, também, outras hierarquias: as dos “Pequenos Construtores”, que se encarregam de modelar, em matéria física etérica, os corpos físicos etéricos, segundo os modelos mentais fornecidos.

Voltemos a falar do número 9:

Na chamada redução numerológica, o 9 eqüivale ao 0 (zero). A redução numerológica se obtém somando-se, sucessivamente, os algarismos de um número, até que se obtenha um único dígito. Eqüivale, na Aritmética, ao que conhecemos como "prova dos nove" ou "noves fora". Por isso, quando o último dígito é o 9, é como se fosse o 0 (zero).

No Tarô, o nono Arcano Maior é o Eremita e corresponde à letra hebraica Teth. Seu significado é a Luz Oculta. O Arcano 18 (8 + 1 = 9) é a Lua ou o Crepúsculo; corresponde à letra Tzadi. Significa: Hierarquia Oculta. O 9, nos Arcanos Menores, significa o"Grande Arcano da Iniciação".

Na Cabalah, a sephirah Yesod, que significa prudência e, também, forma pura ou pureza. O nono caminho é o caminho da Inteligência pura; o décimo oitavo caminho é o da iniciação.

E vamos ficar por aqui.

Historieta:

O fato de ser o número 9 o símbolo da Pureza, faz lembrar uma pequena lenda chinesa:

Um príncipe, querendo contrair matrimônio, lançou uma proclamação, convocando as jovens casadouras. Uma moça pobre que, desde menina, era apaixonada pelo príncipe, resolveu acorrer à convocação; sua mãe tentou dissuadi-la, dizendo que ela não teria a menor chance. Mas ela insistiu e foi. O príncipe distribuiu, entre as jovens, sementes de plantas de flores. Deu um prazo de seis meses e declarou que escolheria, para casar-se, a que trouxesse a flor mais bonita. A moça pobre plantou a sua semente num vaso e esperou, em vão, que ela germinasse. Passados os seis meses, a semente não germinou Mas ela resolveu levar, assim mesmo, o vaso, com a esperança de, pelo menos, ver, mais uma vez, o seu amado. Estavam lá mais de vinte moças, cada uma apresentando uma flor de enorme beleza. Surpreendentemente, o príncipe escolheu a moça do vaso sem flor. Perguntado, ele respondeu:

-- Esta jovem demonstrou sinceridade, honestidade e pureza.

Como assim? -- perguntaram.

-- Todas as sementes, que eu distribu, eram inférteis -- respondeu o príncipe.

Julio Sayão
Enviado por Julio Sayão em 01/02/2006
Reeditado em 30/05/2006
Código do texto: T106804