'SÓ SEI QUE NADA SEI'

“Só sei que nada sei” (Sócrates)

Primeiro direi que adoramos desdizer. Sempre nos achamos acima do que já foi dito. Freud explicaria? Ouvi a frase mais famosa do filósofo grego quando fazia o primeiro ano do Curso Clássico, mas sempre a estranhei, apesar da enorme aceitação e aprovação do conteúdo de tal sentença.

“Só sei que nada sei” ficou martelando em meu cérebro. Até agora não me conformo com a ideia socrática. Fico matutando, revirando a pequena frase pelo avesso, tentando pela filosofia, pela lógica, pela objetividade lingüística. Só que a objetividade lingüística não é bem o prato preferido da filosofia.

A vida passando e eu tentando filosofar sobre o fato de eu saber que nada sei. Como é possível nada saber se sei? As explicações de meus professores foram filosóficas demais e não consigo engolir, não que nada saiba, mas que saiba que nada sei. E como sei se nada sei? Queria mesmo era que Sócrates fosse vivo e me explicasse o fenômeno de saber algo já que declaro nada saber.

Eu sou um sujeito que sabe uma coisa e esta coisa é que nada sei. Então, sei uma coisa: que nada sei. E em sabendo que nada sei, logicamente sei que nada sei. Pelo menos isto eu sei

Se sei que não sei, poderia dizer que nada sei?

Preciso resolver essa questão que me aflige. Mas não sei. Só sei que não sei. Só sei que não sei é diferente de “Só sei que nada sei?”.

Só sei que não sei indica uma certeza, a de que tenho consciência da minha incapacidade de resolver a questão que me aflige. “Só sei que nada sei” seria a consciência de saber que nada sabia Sócrates a não ser que disto sabia? Não sei. Se você que me lê o sabe, por favor, me explique convincentemente que alguém pode saber algo e ao mesmo tempo nada saber.