Espécies ordinárias

Toda ação gera uma reação, mas afinal, o que determina uma ação humana? Vamos além, o que determina a ação dos animais em geral? Os instintos? Se idealizarmos os padrões de ação e reação em um pequeno mamífero, um rato, por exemplo, concluiremos que, sua existência consiste em alimentação e procriação.

Os ratos machos disputam território e fêmeas, às vezes lutam até a morte e algumas espécies copulam até sucumbirem. O instinto mantém a espécie, e isso é tão importante que a vida do indivíduo chega a ser irrelevante perante o objetivo de perpetuar a espécie, esse instinto do pequeno roedor o controla, ele dedica sua curta existência a continuidade de sua espécie.

Se observarmos espécies mais complexas, como as sociedades de formigas e abelhas, apesar de hábitos diferenciados o objetivo principal é o mesmo, perpetuar a espécie. Nessas sociedades os indivíduos não têm valor e sim o organismo como um todo; e a prioridade é proteger a rainha, protegendo a rainha a colônia terá sua existência garantida graças aos milhares de ovos que ela bota em ritmo constante.

Logo a rainha é importante para a colônia por botar ovos, isso garante o crescimento e a reposição da população, a função da rainha é procriar e os outros indivíduos de um modo geral é cuidar para que esse processo não seja interrompido, logo ficam claras as funções dessas colônias, alimentação e procriação.

Com o ser humano não é diferente, apesar de sermos indivíduos que valorizam a individualidade, temos como objetivo puro e simples comer e procriar para garantir a continuidade de nossa espécie. Sim, o homem vive para isso também, assim como as outras espécies buscamos apenas comida e sexo, esse é o nosso instinto primário e verdadeiro, todos os outros conceitos são variantes desse básico e primitivo instinto, perpetuar nossa espécie.

Talvez por sorte nossa sejam ações prazerosas e esse prazer mascara o real objetivo de nossa existência, ou seja, nada mais, nada a menos que comer e transar. Todas nossas ações são condicionadas a esses dois objetivos, são o que há de mais real e simples em nossa condição.

Contudo, graças ao poder de questionar nossa espécie criou valores que confrontam nossos instintos básicos, métodos contraceptivos, manipulação e sinterização dos alimentos; isso fez com que alterássemos o rumo natural das coisas, criamos um padrão caótico em que nossos hábitos se confundem com o que queremos e o que achamos que queremos. Claro que a questão aqui não é traçar o que é bom ou ruim, mas uma coisa é certa: também somos uma espécie ordinária, condenada ao fútil e vazio acaso.