O PODER ABSOLUTO: Cap. 2 - ETICA E PODER

Conforme definição conceitual, Ética é substantivo feminino. É tida como a Ciência da Moral, ou concernente à moral, que é parte da filosofia que trata dos costumes, ou dos deveres do homem, ou ainda, dos bons costumes dos homens. Ainda que, o que seja ‘bons costumes’ possa variar ou sofrer mutações de tempo e de lugar, trataremos aqui do conceito universal daquilo que é bom e harmônico à convivência fraterna entre os indivíduos, tendo por moral aquilo que é imanente a todo individuo que a examine com a razão, isento de dogmas e superstições.

O Poder significa: ”ter a faculdade de; ou ainda ter ocasião de; conseguir; possuir força física ou moral; ter influência, validade. Já como verbo intransitivo, ter possibilidade; como verbo pronominal, dispor de força ou autoridade; ter força, robustez, capacidade para suspender, agüentar e suportar; E por fim, como substantivo masculino significa; faculdade; possibilidade; vigor; potência; autoridade; soberania; domínio; influência; posse; governo de Estado; eficácia; recurso; capacidade; meios”.

Logo, com o objeto de conciliar o aparentemente inconciliável, provocaremos a intercambialidade e unificação desses dois conceitos. Trataremos o poder ora como substância, ora como forma, utilizado que é como instrumento, e por vezes o trataremos como ‘o que move’, visto que o poder especificamente nessa investigação, ora é agente ilimitado potencial, ora é ato. Dessa forma poderemos escrever tanto, ‘O Poder e a Ética’ ou ‘A Ética e o Poder’, ou ainda: ‘O Poder da Ética’ ou ‘A Ética do Poder’, sendo que a cada uma dessas conotações se diferem, em nossa perspectiva de pesquisa tanto faz, uma vez que trataremos no sentido mais amplo e universal, tanto quanto seja possível que nos remeta cada um destes conceitos à nossas diligências. Desse engenho de palavras, conceitos e frases, pretendemos extrair seus significados mais ocultos e decisivos.

‘Ética’ e ‘Poder’, são duas pequenas palavras que assumem complexos significados, e quando juntas, independentemente de sua ordem, ‘ética e poder’ ou ‘poder e ética’, pode representar o elemento que distingue os indivíduos que transitam em sociedade. Trata-se de palavras de gêneros diferentes, mas que no contexto social, exercem soberba influência nos indivíduos, a ponto de agirem concatenadas sob os influxos de suas variantes interpretações. São duas palavras que no plano individual e social, freqüentemente encontramos dissociadas. E o porque dessa dissociação?

Para tentar responder a essa pergunta, vamos examinar as várias nuances desse binômio nas relações dos indivíduos no âmbito de uma família comum em seus núcleos de convívio, bem como dissertaremos sobre a construção da moral no interior do indivíduo, parte que é, eco da convivência social. Utilizamos esse recurso hipotético como forma de visualizar melhor a múltipla atuação da ética e o poder, pois que, relacionaremos através dessa relação familiar, os seus meios de subsistência, suas intra-relações comunitárias e suas ações e reações diante dos condicionamentos psicológicos a que estão expostos os conceitos.

Abordaremos essas relações com a finalidade de demonstrar as múltiplas formas com que os indivíduos se deparam e se protegem ante a moralidade e a dominação. Tentaremos demonstrar as vias que levam a essa dissociação na utilização de vetores econômicos, intelectuais e psicológicos. Sendo assim, da análise desde o nascimento do indivíduo, passando pelas descobertas nas relações familiares, a fase de aprendizagens nas escolas, as fases de acumulação do conhecimento, bem como na interação entre as diversas comunidades sociais em que o indivíduo vai se descobrindo pela vida afora, pretendemos demonstrar que ética e poder são ‘parte e todo’ que se completam num mesmo sistema uno e perfeito, e que, o individuo a despeito dos conceitos de ética e poder que conhecemos frente ao desenvolvimento tecnológico e científico, traz consigo uma ‘moral’ e um ‘poder’ universal que lhe é inato, e que, cabe a cada um buscar a sua felicidade pessoal, através do esclarecimento desse mistério. Desta forma, pretendemos esclarecer que essa análise não se restringe apenas a uma investigação crítica dos valores morais na sociedade, mas antes, pretende ser uma vigorosa proposição de via, rumo a uma ‘Teoria do Poder Absoluto’. Eis nosso maior desafio.