A CAVERNA DE PLATÃO

Tu não és o que eu penso

e eu não sou o que te pareço.

Antes, sou reflexo do que eu penso de ti.

Enquanto tu és um espelho de mim.

Assim é a vida. Uma simples ilusão

de ótica, uma informação sem o

devido conhecimento.

O que eu sei de ti? O que tu sabes de mim?

O que eu sei de mim?! E o que tu sabes de ti?

O que nós sabemos não é o bastante para

explicar essa linha tênue que nos mantém aqui,

nessa dimensão, nesse espaço, nessa coisa chamada

vida...

Vivemos todos com os olhos grudados nas sombras

da nossa própria ignorância. Mas, cremos piamente

que somos os detentores de um saber que na verdade

não temos.

John Lennon disse: ¨A ignorância é uma benção.

Se você não sabe, não existe a dor.¨ Ledo engano.

Pois, se o empirismo pode aleijar, a ignorância

é capaz de matar.

Todavia, o conhecimento epistemológico é

assustador, e muitos ainda preferem agir apenas

como meros expectadores das sombras de um

pretenso conhecimento, refletido sob as luzes alheias

ao puro entendimento.

Quem procura acha... Sim, quem procura acha

e certamente o achado pode ser infinitamente melhor

do que aquilo que se temia encontrar. Então, que

ninguém se esquive de procurar...

O que eu sou, o que tu és, o que somos nós,

ainda é uma incógnita que nenhum ser humano

foi capaz de desvendar.

À quem diz que a ignorância traz a felicidade e

justifica afirmando que um casal que se ama,

não questiona as razões desse amor, apenas ama,

eu quero lembrar que o próprio amor busca o conhecimento,

para poder se doar em plenitude...

Está mais do que na hora de soltarmos nossas amarras

e saltarmos fora da caverna de Platão, à fim de olharmos

diretamente para a luz e não mais para as sombras do

comodismo, da covardia e da ignorância que aniquila,

limita e mata.

Tânia Regina Voigt
Enviado por Tânia Regina Voigt em 04/07/2009
Reeditado em 17/01/2015
Código do texto: T1681452
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