Pesar tardio

Já deve ser tarde!

Você deve estar sentado na sua cama

Talvez pensando, quem sabe!

Pouco importa.

Mesmo que eu surgisse em sua porta

Você estaria já distante...

Longe, para que eu pudesse alcança-lo

Longe, para que eu pudesse olha-lo

E com maior doçura

Dizer-lhe o que desejo

Você estaria muito longe

Tão longe quanto um simples beijo

Que jamais eu pude dar

Já deve ser tarde!

Bem sei que é tarde

Tão tarde que você nem me percebe

Tão tarde que no escuro da noite

Não pode, nem ao menos, me enxergar

É... Já deve ser bem tarde

E o sono agora é seu companheiro

Mesmo que eu quisesse lhe falar

Você, unido a este traiçoeiro

Nunca poderia me escutar...

E eu, ficaria quietinha

Contentando-me em apenas contemplar

Esse quadro bem ausente

De alguém que ali presente

Não pode minha imagem captar

É tarde.

Tarde mesmo para algum arrependimento

Tarde para se voltar atrás

Assim o tempo se faz

Brincando com tal passatempo

Num jogo que só ele é capaz

Espalha algum sofrimento

Aos retardatários, como eu

Que vivo tentando acertar

Pois o destino me escolheu

Apenas para assistir

Aos outros que, sendo tarde

Se deitam... e vão dormir!

Priscila de Loureiro Coelho

Priscila de Loureiro Coelho
Enviado por Priscila de Loureiro Coelho em 20/05/2005
Código do texto: T18403