Quem há de compreender?

Há muito o sal das minhas lágrimas borram meu sorriso.

Há muito que vago nessa faixa estreita que me é reservada

entre a poesia e a realidade, pra me perder entre palavras

e emoções...

Me encanto com um mundo que habita no paraíso

dos meus sonhos...mas caminho na extensão rústica do

parece ser a realização de alguns e o inferno de tantos...

Soletro com carinho os sentimentos e desejos da minh'alma estúpida, que por não encontrar braços serenos, se enfileira no rol dos loucos...Quem há de crer nos lábios que desfilam palavras de amor, que cantam a plenos pulmões cânticos românticos?

Não há de ser sério, quem se fere com palavras, quem não tem outro propósito senão a compulsão para as letras, sem ao menos explicar que suas palavras são gritos próprios de sentimentos encravados na carne...

Como levar a sério quem se despe em público ou tem desvarios

e febres de angústias?

Definitivamente não há como compreender, menos ainda crer em quem se veste na pele das dores cruas...algumas suas e sai a

pregar sem juízo a anarquia das regras, a morte da censura...mas paradoxalmente acredita na pureza das palavras, dos sentimentos, olha o mundo com olhos ingênuos de quem perdoa gestos impensados, palavras mal colocadas...

Como conviver com quem entende o mundo pela visão bela dos contos de fadas...e se arranha nos espinhos que lhe são oferecidos em belas bandejas...pela cegueira dos olhos, que insistem em não enxergar a maldade exposta e aflita que campeia nas estrebarias da vida...

Morre apertado entre meus dedos o desejo sincero de compreender o verdadeiro significado de cada expressão, de cada sorriso ofertado, de cada mão que pousa sobre meus ombros, da amizade afiançada em tantos abraços e no amor descrito de tantas formas...morre a esperança de ver a sinceridade na pauta do dia...

Entretanto não se corrompe verdades, não se mata a essência que

de cada pessoa, e onde o coração for terreno fértil, o carinho brotará espontâneo...onde a natureza for sadia e a rega for delicada, só se colherá abundantemente, sentimentos puros...emoções difícilmente descritas em poucas palavras...e raramente entendidas, senão pelo aconchego do abraço, na troca de calor dos corpos...jamais esquecida...

Utopia ou realidade? Quem se socorre do vil metal para matar as angústias sem experimentar as dores todas como num parto, quem não goza as delícias de cada momento bem vivido, como uma taça que borbulha e faz cócegas nos lábios...não sabe das coisas que falo...

Quem não andou descalço na chuva sem pressa, que não sentiu o gozo por prazer e não por necessidade fisiológica...não se sentará comigo no mesmo banco, e jamais me olhará dentro dos olhos...porque não conhece o gosto da vida...e nem está pronto pra viver sem reservas e preconceitos o que ela esconde como uma mão e oferece com a outra...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 24/05/2005
Código do texto: T19405
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