Torre

Angélica T. Almstadter

No alto de que mirante fica essa torre...

Perdida entre as nuvens de que céu...

Sinto a invasão dos setentrionais...

me recolho ao sonhos abissais sentindo

nas vestes o peso da agonia que não

me move os pés...e para onde fugir

das ventanias que se alastram rudes

ricocheteando pelas paredes...

São estas algemas mortais um artefato

ousado que fazem elo entre o vôo da gaivota

e um pássaro idiota que se fere calado...

...entre os açoite dos ventos e o olhar perdido no

firmamento me contorço sem voz e

desconexa nessa ebulição...por essa

inquietude que não cessa...

nesse espaço que não finda...

e essa veia que me inunda...

Deste mundo que tudo parece irreal...

não se mede a fantasia de um corpo ausente...

não se pactua com o presente...tudo é lembrança tola...

nuances opacas de uma visão especial...

onde nada apraza...os coloridos levemente tocados...

esmaeçeram nas ausências...

Sinto o gosto do absinto no toque suave da taça...

brindo essa sede que não passa...

brindo ao gosto adocicado do

leve pecado que se redime...

Do alto dessa prisão de paredes caiadas...

leito mimosamente composto...espelho o brilho

do meu rosto no reflexo dessas

grades rigidamente dispostas...

Quanto odeio essa ampulheta

brilhante que me sorri ameaçadora...

registrando um tempo fora de hora...

que não volta...esse tempo maldito

que me faz tardia...e desperta em mim

a rebeldia por essa prisão arbitrária...genética...patética...

Afinal o que resta?

Uma janela absurdamente injusta...

um vazio intensamente profundo e

uma melancolia que transborda além dos limites...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 24/05/2005
Código do texto: T19407
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2005. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.