Vou pra rua

Quero silêncio para mergulhar dentro de mim, e ouvir os meus sons, quero ouvir o badalar dos sininhos que tocam e tocam anunciando que a paz que eu persigo não mora longe daqui...

Não sei se as portas me incomodam por que estão fechadas, ou se me perturba não atravessá-las...vou me permitir ir pra rua beber a luz do sol e os barulhos do feriado. Quiçá entre tantos rostos e sorrisos eu perceba que a vida é tão mais intensa do que parece...que esse sopro que ela me mostra; seja só um brinde; para que eu aceite muito além dessa taça requintada...

Vou pra rua, vou ver gente...preciso ouvir vozes e ver crianças de verdade...

ver namorados...homens, senhoras, velhos...gente que sai à rua pra viver e respirar...como eu preciso fazer....

Não ligo mais para essa tristeza que me persegue, ela parece uma segunda pele, que em muitos dias me faz nua, só para desfilar meus pecados, meus sonhos abjetos, é ela responsável pela cumplicidade que me faz mansa mesmo quando a veia ferve ou o ódio me atiça as entranhas...Ah, não estranhe meu ódio assim brutalmente revelado, ele também percorre algumas linhas mestras, nos intervalos do meu amor escandalosamente rabiscado...

Eu não poderia ser uma balança fiel se não transgredisse os mandamentos; a docilidade das minhas palavras também provam o amargo da fúria, e é assim que rompo as portas e avanço para a multidão, vou em busca do silêncio de dentro de mim, que está na rua, no meio dos transeuntes, pra remoer as minhas palavras, açoitar meus sentimentos, remexer as minhas emoções...conversar com meus pensamentos sem interrupções...não quero dividir esse estorno de sensibilidade que baila na minha pele...

Vou rascunhar na minha memória as minhas vontades, revirar e revisar os meus conceitos...quando colocar as emoções no lugar...eu volto e passo a limpo toda a minha ansiedade.

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 26/05/2005
Código do texto: T19834
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