Vivo e deixo viver

Que me arranque a língua, que rasgue minhas palavras, uma a uma...que fure meus olhos, e amordace meus dedos...nem assim me fará desistir de pensar...nem assim matará meu princípio ativo; minha essência...

Sou e vou onde quero, mesmo atada aos pés que não me levam a lugar algum. Quem apagará o brilho dos meus olhos? Quem terá acesso ao meu coração para mudar meus sentimentos ?

Não há mecanismos que matem minhas emoções,

não há punhal que fira mais a minha dor, do que o meu próprio sentir...

Não delego poderes a quem quer que seja, para tomar posse da minh'alma, nem todo amor do mundo aprisionará a minha essência livre.

Sou e serei do amor que me encanta, pronta para me desdobrar em muitos afagos. Fiel depositária do amor...sou amante extremada , não me valho dos atos reflexos, não me encontrarás nos elos soltos, nos versos sem meus rabiscos...

Estarei onde meu coração estiver, onde minha alma me levar, na curva do horizonte, no contorno das noites que desenho de onde estou; ao lado de quem me chamar; sou chama arisca, acesa onde por onde passar, sou saudade no desejo que antecede a visão...

Quanto mais vôo sem direção; mais descubro os rumos, quanto mais me perco; mais me encontro. Sou tela gravada; tatuagem eternizada nos poros, sou vibração das entranhas mais profundas...não me apagará num piscar de olhos...

O amor vive e se imortaliza em pequenos

detalhes, que escapam à visão dos cegos de sentidos...

O amor descende do desprendimento...e está muito aquém da razão...o amor não se aprisiona no egoísmo...

O amor é moeda corrente entre almas livres das amarras da carne, embora toda alma seja livre, nem todas se distanciam do ninho que as abriga...

Vivo e deixo viver, quem ao meu amor pertencer...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 26/05/2005
Código do texto: T19945
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