Para o mundo que eu quero descer

Eu tentei falar sobre os dias que não amanhecem...pelas eternas noites, que me impressionam, rondando nas minhas paredes...iluminando o meu teto...

Eu queria contar a emoção que escorre em cachos, no vão das horas, que sustém a respiração ...e suspiram em goles profundos...

a lassidão dos golpes sentidos...

Eu pensei que sabia dessas sensações,

dessa adaga, brilhando afiada, num convite insano...

Eu tentei lamber o fio dessa lâmina, que ronda e amedronta o anjo desavisado...

mas o gosto salgado do sangue quente não

manda recados...lava a língua ...

embaça a visão...

cala a alma...silencia o coração...

Não é preciso que nada aconteça, quando

a alma vaga sem rumo...uma folha, um gota, uma lágrima...e ilhada no claustro...se prende em livre e solta ousadia...

Eu queria o tempo dos calendários eternos...provar a decisão das promessas...

viver as escolhas íntimas...sem atalhos...

Eu queria ter a coragem de queimar todas as falas e rasgar todas as linhas...

Eu queria ousar sem pressa...e desafiar a febre dos sonhos ...

Eu queria a redenção do hoje, sem o ontem...e sem pensar no amanhã...

Para o mundo...que eu quero descer...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 26/05/2005
Código do texto: T19959
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