Para o mundo que eu quero descer
Eu tentei falar sobre os dias que não amanhecem...pelas eternas noites, que me impressionam, rondando nas minhas paredes...iluminando o meu teto...
Eu queria contar a emoção que escorre em cachos, no vão das horas, que sustém a respiração ...e suspiram em goles profundos...
a lassidão dos golpes sentidos...
Eu pensei que sabia dessas sensações,
dessa adaga, brilhando afiada, num convite insano...
Eu tentei lamber o fio dessa lâmina, que ronda e amedronta o anjo desavisado...
mas o gosto salgado do sangue quente não
manda recados...lava a língua ...
embaça a visão...
cala a alma...silencia o coração...
Não é preciso que nada aconteça, quando
a alma vaga sem rumo...uma folha, um gota, uma lágrima...e ilhada no claustro...se prende em livre e solta ousadia...
Eu queria o tempo dos calendários eternos...provar a decisão das promessas...
viver as escolhas íntimas...sem atalhos...
Eu queria ter a coragem de queimar todas as falas e rasgar todas as linhas...
Eu queria ousar sem pressa...e desafiar a febre dos sonhos ...
Eu queria a redenção do hoje, sem o ontem...e sem pensar no amanhã...
Para o mundo...que eu quero descer...