REATIVA

 Tá certo, agora posso te contar,
 resisti até o ponto crucial,
não foi fácil me fazer de outra, me vestir de santa,
fingir estar de cara limpa, de gola olímpica, de boca fechada,
de cabelo pranchado, mais de mesa do que de cama.
Credo! rezei muitos.
Quantos anos com a chave na clave pendurada feito cristal
na parede cor-de rosa pálida me torturando como pecado mortal.
Reagi.  (já não era sem tempo)
Busquei no fundo do baú meu *EU principal*.
Resgatei meu voo, meu predileto contido,
escondido embaixo do anjo de asa fingida-quebrada.
Natureza tem que se mostrar.
Predileto quer dizer: nada secreto.
Preferido quer dizer: eu abuso e ponto final.
Aquele espelho que você conhecia era falso, limpo com pano amanhecido.
O verdadeiro te mostro agora, vá lá ver pendurado em frente a minha cama.
Marcado, expresso com o brilho dos meus olhos,
mostrando meus contornos nos lençóis.
Meus cabelos? quero-os despenteados, nada formal.
Roupas leves, soltas, com um mistério infermal.
Boca fechada, nem pro chocolate!
Sorrisos? muitos pra compartilhar com você
e sabe do que mais?
vou conjugar o eu te amo pra todo mundo escutar.
Vai gostar da nova mulher ao natural, como veio ao mundo,
não como o mundo queria que ela fosse.
Às favas as regras impostas.
A chave mandei longe, a parede mandei derrubar!
Delírios à parte, sou parte de mim, sou minha/tua parte total.
 
 
Jataí.GO
30.12.2009