Na plataforma
Quando o sol apaga seu lume um frio manhoso entra pelas frestas
avisando que está na hora de acender as estrelas e deixar a lua brincar no
meu rosto...prelúdio de esquecer...
Estou mais um vez na plataforma...esperando pelo embarque noturno...
sonhando com a viagem que não fiz...tenho a vida nas mãos...na bagagem
só meus sonhos recheados de esperanças...cuidadosamente embalados...
preparados...
Passou por aqui apitando o trem da história...acomodou alguns convivas
e se foi cuspinho a fumaça cruel... desilusão a me deixar sentada
mais uma vez...assistindo a breve passagem da felicidade...sobre os trilhos
alcochoados...
Lá se vão aos sopros minhas canções ao vento...
murmúrios entoados...harpejos dedilhados nas cordas da minha
guitarra chorosa...
São dois lados da mesma espera...acenos na mesma viagem...
e a vida se repete...incessantemente...
Melhor eu me acomodar sobre esses bancos surrados...
deixar correr livre meus silêncios represados...
e perante a jura que me selaste sobre o peito...jorrar meus versos...
aguardando o vagão da felicidade se lembrar de me buscar...