Não me traga flores
Não me traga flores quando vier, traga braços a me envolver...
Não quero risos escancarados, quero olhares enamorados...
Guarda a novidade das palavras...eu prefiro os versos cochichados...
Mas venha pelo sentimento que se move e não pela vaga do dia...
Venha pela certeza que se inicia e não pelo assombro das dores que meço...
Não venhas é mais certo...
Não terias amor nas mãos a me cobrir sem a razão...
Não deitarias teus olhares nos meus magoados...
Não venhas de mãos vazias...e gestos vagos...
Quando vieres abrirei as cortinas do horizonte...saberei que a felicidade me visita...
Não me traga um Chanel...traga lábios de conquista...
Amor das capas de revista...brilhantes e definidos...
Não traga promessas...gosto das esperanças...
Dos rituais das crianças...dos sorrisos espontâneos
Das alegrias sem defesa...
Não me traga enfeites desajeitados...traga chuvas existenciais...
noites serenadas...madrugadas perfumadas...
Não venha com a pressa das ventanias...
Nem com o sonhos em avarias...
Venha se puder se assentar e me ouvir...se aceitar dividir a caixa de bombons
Se souber que o amargo nem sempre é o melhor remédio...
Não venhas é mais certo...
Não te caberia tanto amor que guardo...
Nem a doçura dos meus últimos gestos...
Não venhas é mais prudente...
Ficarias eternamente...