Faxina

É inegável que a primeira impressão que fica é a aparência física, primeiro se olha o externo, a partir daí, se interessar ou não pelo interior é meio complicado, visto que, se a aparência física agrada, é meio caminho andado...entretanto se a aparência não for ao menos um pouquinho atrativa...morre o interesse à primeira vista.

Somos mente, corpo e alma (ou espírito, dependendo do que se diz) mas os olhos nos direcionam primeiramente para o que lhes agrada, e mormente nos deixamos levar pelo que o visual nos promete.

Com o passar dos anos a gente aprende a valorizar o templo interno, e a ele dedicar o de melhor, é onde a gente guarda as emoções, os sentimentos. E para que o nosso exterior reflita luz pelos olhos, mansuetude de gestos e palavras equilibradas, é preciso que dentro de nós haja limpeza constante, polimento e cuidados especiais.

O corpo necessita de cremes, exercícios, roupas adequadas, cuidados de higiene, mas o interior também, e tudo é uma questão de prática; quando alguma coisa não vai bem por dentro, reflete na pele, na saúde, nos relacionamentos.

O recolhimento e a prática da faxina interna, faz com que aprendamos mais sobre nós mesmos; há muita gente que se olha no espelho e não se vê, que corre atrás dos modismos preocupados com uma ruga no rosto...sem notar o quanto a alma está enrugada. A maioria perde horas escolhendo uma roupa que possa apresentar melhor o corpo, mas não cuida para que o odor da fala e dos pensamentos perfumem o ar por onde passam.

Mesmo quando temos o cuidado com o nosso ambiente interno, mesmo quando buscamos trazer no íntimo limpo e perfumado, erramos...somos humanos; mas é errando e que aprendemos a acertar; crescemos com nossos desacertos se aprendemos tirar lições das nossas dificuldades, quando enxergamos as nossas mazelas e buscamos como ourives; lapidar nossas ações, nossas emoções e nossos sentimentos.

Depois de cada "mergulho" dentro de nós mesmos, depois de limpar os sentimentos mofados e arejar as nossas emoções, a vida sempre fica mais interessante, as pessoas à nossa volta, mais bonitas; porque nossos olhos começam a enxergar belezas que antes estavam escondidas...entretanto, ficamos mais seletivos; e damos menos valor as coisas e sentimentos que não se coadunam com o nova pessoa que vai surgindo dentro de nós, a cada polimento...

Além de discernimento e sabedoria, essa jornada carece de uma boa dose de amor. O amor é a chave de toda a nossa existência, é o motivo e o veículo, o amor é início, meio e fim. Sem amor a vida não passa de uma passagem vazia, uma busca desenfreada de emoções, para preencher o corpo, a alma e o espírito.

Aprender a amar, é a lição primeira de cada ser humano, mas não só amar o amor carnal, o sexo oposto pela libido que ele desperta, isso é para o corpo; não dispensável, mas fisiológico. Aprender amar a plenitude do ser humano, isso sim nos dimensiona no mundo dos valores morais e espirituais.

A partir daí, conseguimos enxergar o todo, e percebemos que dentro de cada pessoa há um jardim, e o perfume que cada uma delas exala, vai depender de como ela cuida do seu jardim interno.

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 30/05/2005
Código do texto: T20805
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