Até quando...eu não sei
Nesse mundo que te guarda quieto, as palavras que semeio e rego sem
o carinho dos teus olhares atentos, vão se alastrando e forrando
o meu chão qual fossem caminhos plantandos para mim...
Em cada dia que os ponteiros vão e vem , se misturam como as estações
que perderam a noção, mesclo a realidade ao sonho, tentando encontrar
portas e saídas, por onde minh'alma possa debandar...
Há uma imensidão de desejos e vontades escapando pelos meus olhos,
fugindo pelos vãos dos dedos...e os sonhos vão ficando tão distantes...
como se na estação eu estivesse vendo partir e chegar tantos trens,
nem uma esperança desembarcando...mas tantos sonhos partindo...
O peso do dia a dia está cada vez maior , já que nele a realidade anda
mais e mais presente, deixei por algum vão que ela adentrasse nos meus
átrios...e ela arrombou meus cadeados, entrou, e se acomodando
dentro dos meus dias foi ficando senhora das minhas horas...matando
minha poesia, atando -me a dureza das horas, a crua frieza
dos teus desmandos...
Prisioneira do amanhecer descontrolado, afobado...vou me enredando
pela cobrança ...enquanto minhas palavras sobem à borda dos
meus lábios travados...se perdem pelos dedos atarefados...
Engulo as palavras e tenho enxaquecas, intoxicações...sonhos só
das noites ansiosas...não há esperanças que guardem minha cabeça
na maciez do travesseiro...
Fujo no meio fio do atropelo e bebo calada as palavras que não derramo...
Ora estou embriagada por pensamentos tolos, ora bebada pelos
anseios...no meio de tanta algazarra de mim, reservo-me
nesse espaço miúdo que preservo para ainda semear em meio a toda
essa loucura, um pouco de mim...até quando...não sei...