Já não importa...

Não importa mais as horas...nem se os

ponteiros são céleres...já não tenho mais

pressa...não tenho para onde ir...

também não faz diferença se ficar...

Quebrei as vidraças e abri todas a janelas...

joguei fora os espelhos...

e deixo agora os ventos

entrarem e varrerem todas as lembranças...

espalharem pelo chão as poesias e as confissões...

nada ficou no lugar desde a última taça de champagne...

tudo ficou remexido

depois do temporal...e as poças estão por aí...

Os versos mastigados eu não posso mais guardar...

nem as ilusões e sonhos cabem mais nas gavetas...preciso de todo o ar

pra respirar...de todo espaço para deixar fugirem os pensamentos loucos...

os desejos baratos...esses meus olhares torpes...

Que venham as chuvas...e eu retiro meu teto...para lavar os

sentimentos agarrados no meu corpo...batizo com palavras novas

as primeiras inspirações...dou boas vindas

as novas angústias...e recebo com honras

as águas que virão se somar às poças das

minhas lágrimas...

O tempo ainda concede alguns vagos

na consciência para se dispersar perdidos

nas chamas bruxuleantes das velas

que choram...

Abafo no peito a canção que assombra

minhas lembranças...guardo

o amor que não morre...

enlutada abro os braços e abraço o tempo frágil...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 04/06/2005
Código do texto: T22179
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