Quer mesmo saber?
Quer saber por quem meus olhos marejam?
Por quem passo noites revirando no leito?
Quer saber mesmo que é capas de me tirar do prumo e balançar as minhas
estruturas? Pois é uma cabeça de mil pensamentos borbulhantes...
olhos suspensos e belos como os jardins da Babilônia...presos num
corpo em que o tempo já entrou pela porta da frente com braços abertos contando da sua perplexidade...
Posso dizer quem é que me abraça quando recosto minha cabeça cansada, desde que não te espantes...
Há uma cumplicidade distante de quem não sabe, mas abre
sorrisos por me saber presente...próxima...
Quer mesmo saber quem recolhe minhas lágrimas com delicadeza, quando me sento com a cabeça entre as mãos...querendo
desistir de tudo? Não vais entender que a mesma pessoa
que se dispõe a esse gesto nem sempre está tão próximo e quase nunca percebe que abraçou minhas palavras...quase nunca se dá conta
de que por ela sorrio e choro ao mesmo tempo...
Ainda quer que eu conte quem ocupa os meus pensamentos e quase sempre se esconde nas minhas linhas? Tem certeza que entedias
se eu te contasse?
Não, eu não conto, porque mesmo que por poucos minutos eu possa
ter o sonho nas mãos, de nada valeria falar do que só eu sei, só
eu sinto...além do que não vou dividir com mais ninguém o que
embala as minhas emoções mais verdadeiras...
Perderia a graça, se soubesses de onde vem o brilho dos meus olhos,
o mistério que me faz escorrer em linhas sem fim, os meus desejos,
as minhas loucuras mais perfeitas...
Feche os olhos e imagine...afinal é assim que sentes a minha poesia
que se apega na tua retina e te faz deitar os olhos interrogadores em cada detalhe...procurando encontrar pistas...
E enquanto tu pesquisas as minhas linhas escorridas com tintas
provocantes...eu me guardo no silêncio dos meus oratórios para
que permaneçam a salvo os meus segredos mais íntimos...