Quer mesmo saber?

Quer saber por quem meus olhos marejam?

Por quem passo noites revirando no leito?

Quer saber mesmo que é capas de me tirar do prumo e balançar as minhas

estruturas? Pois é uma cabeça de mil pensamentos borbulhantes...

olhos suspensos e belos como os jardins da Babilônia...presos num

corpo em que o tempo já entrou pela porta da frente com braços abertos contando da sua perplexidade...

Posso dizer quem é que me abraça quando recosto minha cabeça cansada, desde que não te espantes...

Há uma cumplicidade distante de quem não sabe, mas abre

sorrisos por me saber presente...próxima...

Quer mesmo saber quem recolhe minhas lágrimas com delicadeza, quando me sento com a cabeça entre as mãos...querendo

desistir de tudo? Não vais entender que a mesma pessoa

que se dispõe a esse gesto nem sempre está tão próximo e quase nunca percebe que abraçou minhas palavras...quase nunca se dá conta

de que por ela sorrio e choro ao mesmo tempo...

Ainda quer que eu conte quem ocupa os meus pensamentos e quase sempre se esconde nas minhas linhas? Tem certeza que entedias

se eu te contasse?

Não, eu não conto, porque mesmo que por poucos minutos eu possa

ter o sonho nas mãos, de nada valeria falar do que só eu sei, só

eu sinto...além do que não vou dividir com mais ninguém o que

embala as minhas emoções mais verdadeiras...

Perderia a graça, se soubesses de onde vem o brilho dos meus olhos,

o mistério que me faz escorrer em linhas sem fim, os meus desejos,

as minhas loucuras mais perfeitas...

Feche os olhos e imagine...afinal é assim que sentes a minha poesia

que se apega na tua retina e te faz deitar os olhos interrogadores em cada detalhe...procurando encontrar pistas...

E enquanto tu pesquisas as minhas linhas escorridas com tintas

provocantes...eu me guardo no silêncio dos meus oratórios para

que permaneçam a salvo os meus segredos mais íntimos...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 05/06/2005
Código do texto: T22308
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