Um dia de fúria

Nossos olhos de ressaca ainda não conseguiram adormecer sem pavor,

o corpo estremece e alma sacudida sente frio e calor ao mesmo tempo...os pensamentos se chocam procurando entre si...respostas...

Porque a mãe terra se aborreceu tanto e sacudiu teu manto...

Tirou tudo do lugar...

Fecho os olhos e vejo a grande bocarra avançando feroz ...lambendo e engolindo tudo que conseguiu encontrar pela frente...

Não houve gritos ou preces para aplacarem a fúria...da natureza ...

que descontrolada...desconsolada...resolveu mostrar tua ira...

Perdoa mãe terra o sangue derramado sobre teu seio...

Perdoa a violência das palavras e dos gestos...a guerra sem fim...

Perdoa as bombas armadas ...na calada das madrugadas...

Perdoa o tiroteio...

Cessaram os gritos...já não há mais pavor...só sussurros e o medo...

As águas serenas vem beijar as praias ...chorar baixinho pelos que se foram...olhar pelos que ficaram...sem rumo e sem destino...

No dia em que as águas quase tocaram os céus...e ameaçadoras lavaram a

terra, o vento se calou... cúmplice da terra e das águas ...a vida girou no eixo da Terra...confusa...e em difusas lágrimas, chorou ...

Enquanto os cacos de vida procuram seus pedaços fragmentados...uma grande inquietação circula na nossa veia....

convida a reflexão...

Rasgamos nosso pranto de mangas arregaçadas...ou vamos morrer

lamentando as dores do mundo, com os braços cruzados...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 06/06/2005
Código do texto: T22576
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