Um dia de fúria
Nossos olhos de ressaca ainda não conseguiram adormecer sem pavor,
o corpo estremece e alma sacudida sente frio e calor ao mesmo tempo...os pensamentos se chocam procurando entre si...respostas...
Porque a mãe terra se aborreceu tanto e sacudiu teu manto...
Tirou tudo do lugar...
Fecho os olhos e vejo a grande bocarra avançando feroz ...lambendo e engolindo tudo que conseguiu encontrar pela frente...
Não houve gritos ou preces para aplacarem a fúria...da natureza ...
que descontrolada...desconsolada...resolveu mostrar tua ira...
Perdoa mãe terra o sangue derramado sobre teu seio...
Perdoa a violência das palavras e dos gestos...a guerra sem fim...
Perdoa as bombas armadas ...na calada das madrugadas...
Perdoa o tiroteio...
Cessaram os gritos...já não há mais pavor...só sussurros e o medo...
As águas serenas vem beijar as praias ...chorar baixinho pelos que se foram...olhar pelos que ficaram...sem rumo e sem destino...
No dia em que as águas quase tocaram os céus...e ameaçadoras lavaram a
terra, o vento se calou... cúmplice da terra e das águas ...a vida girou no eixo da Terra...confusa...e em difusas lágrimas, chorou ...
Enquanto os cacos de vida procuram seus pedaços fragmentados...uma grande inquietação circula na nossa veia....
convida a reflexão...
Rasgamos nosso pranto de mangas arregaçadas...ou vamos morrer
lamentando as dores do mundo, com os braços cruzados...