VIRTUALIDADE NA INTERNET

Creio que preciso reformular meus discursos sobre ‘Virtualidade’ na Internet.

Quando aceito o convite de alguém para ser meu amigo em algum site de relacionamento, a intenção é conhecer pessoas, seres humanos e construir uma amizade real.

Aprendemos um pouco sobre nossos novos amigos, começamos a participar – mesmo à distância - dos seus momentos de alegria e de tristeza; passamos a vê-los como alguém próximo por quem temos carinho e respeito. Vibramos com suas vitórias, oramos por eles, compartilhamos sucessos e decepções.

De repente, alguns se afastam ou se distanciam, ficam fechados em seus casulos, e tudo que foi conversado – às vezes com muita seriedade que chega a nos preocupar - parece ter perdido o sentido, e a amizade vai se diluindo no ar. Aí, sim, há uma morte virtual.

Esse é um fato lamentável se comparado à morte física de alguns que já se foram, de verdade, sem que a amizade terminasse, mesmo diante da dor... e ainda plantaram sementes que floresceram e aumentaram o círculo de carinho que já existia; pessoas com quem podemos continuar a caminhada e relembrar aqueles que nos aproximaram.

Não conhecemos pessoas ‘por acaso’ e existe alguma razão para que elas permaneçam em nossas vidas: ‘Deusdência" ou "Providência Divina”, como dizem alguns formadores de opinião.

Quando não conseguimos mais saber se essas pessoas estão bem, vem a tristeza de perceber que o que ficou estigmatizado como “mundo virtual” foi mais forte que qualquer gesto de amizade em meses ou anos de diálogos.

Eis algumas palavras que formam a sinonímia de Virtualidade: Irreal, Utópico, Imaginário, Ilusório... São assim os seres humanos que se comunicam e fazem amigos e conhecidos através da Internet?

Como essas pessoas veem o que ocorre no mundo quando as notícias são divulgadas pela televisão, rádio, jornais, net? Afinal, elas não conhecem pessoalmente a maioria dos locais e, menos ainda, as pessoas envolvidas...

Qual o sentimento que gera em seus corações as imagens dos deslizamentos, do terremotos, dos tsunamis, dos assassinatos constantes, das erupções vulcânicas, dos que morrem de fome e de sede todos os dias no nosso planetinha? Enfim, são imagens... “Virtualidade”. Será mesmo que conseguem ver um mundo real em tudo que é divulgado?

Esqueceram que um sonho pode se tornar realidade, que as distâncias são menores do que imaginamos e podem ser superadas, que se pode ser verdadeiro e que o nosso planetinha é tão pequeno que podemos nos localizar até pelas imagens de satélite.

É curioso que nós, que desejamos um mundo com mais amor e mais união, não usamos, com a mesma disposição, os recursos de aproximação entre as pessoas como poderíamos. Aqueles seres humanos considerados ‘do mal’ usam melhor e com mais freqüência essas soluções e encontram suas vítimas, derrubando a barreira da ‘virtualidade’ com a maior facilidade.

Grande parte das pessoas consideradas ‘do Bem’ não regam a amizade conquistada; preferem não quebrar paradigmas, para assumirem a responsabilidade de “se tornarem responsáveis pelos que cativam.”

A fragilidade e a inconstância dos sentimentos na vida real faz com que as pessoas desejem apresentar aos outros um grande número de amigos em suas páginas de sites, blogs, MSN, facebook, orkut, para se sentirem prestigiados – como uma vitrine para o mundo - mas com a mesma incapacidade de manter um sentimento real de enxergar um outro ser humano em cada gesto ou palavra de carinho que recebe. O maior objetivo é alimentar a vaidade.

A expressão ‘virtualidade’ é a desculpa para ignorar o outro, não se envolver emocionalmente e promover o descarte sem a preocupação, sequer, de dizer até breve, adeus, obrigado.

Como aceitam a existência de Deus se não acreditarem em suas manifestações? Quando necessitam, imediatamente gritam por Ele.

Qual será o limite para a tênue ligação entre o ‘virtual’ e o real? O Amor é a resposta mais lógica.

Quando soubermos amar melhor veremos que conceitos não substituem a realidade da existência, e aqueles que consideramos de um mundo virtual é o nosso irmão que põe carinho em cada mensagem que envia e que também se abastece das mensagens que recebe para viver mais feliz.

Dalva da Trindade de S Oliveira

Abril de 2010