A procura de ...

Procura-se um alerta, uma pausa, alguma tecla que ajude a apenas viver sem especulações com a vida. Sobrevivo às turras comigo mesmo, não existe duelo maior do que essa intensa briga. Sou adversária de meus próprios sentimentos, e até onde firmo minha parcialidade nisso? Não sei!

Sou deliberadamente atrevida, arrogante comigo e porque eu não paro e me ouço quando é preciso?

Meu coração se revolta quase sempre. Eu ando lado a lado com a minha inquietude soberba.

Quanta loucura! As minhas quatro estações estão em choque. Muda-se, troca-se...E cá estou sem a menor recuperação. Sou involuntariamente louca, profusa de sentimentos. Não tenho cura!

Há um verdadeiro colóquio entre meu coração e minha razão, e como discutem e como cada um se acha superior ao outro. Ri-se disso como quem está em uma platéia em plena peça de humor. Estão as gargalhadas um do outro. Quem será que eles convencem?Talvez apelem a mim.

Quem sabe um dia eu decida escolher o lado certo para seguir, talvez eu deixe a razão me guiar por uma série de motivos inúteis que não adianta relatar aqui e deixar totalmente presente a parte mais racional do meu ser. Ou então eu resolva seguir a estação certa, e me deixar completamente nas mãos do meu coração. Esse ser que se rebate em meu peito, que se exalta e que me deixa totalmente atônita com suas decisões. Mas por fim, vivo sobre a gangorra, vivo em corda bamba.

Sou meticulosamente indecisa - risos à parte- mas sou a pessoinha mais confusa que existe e também egoísta, porque quero explicitamente seguir os dois lados da moeda: quero ser completamente razão e despidamente coração, sem brigas de consciência, sem motivos para desacordo. Sou imediatista a ponto de trancar-me no lugar mais escondido com meus dois inquietos testemunhos e querer.Jogarei a chave fora e lá ficarei sem discordar, sem me perder.

Entretanto, revelo que não duraria muito sendo essa cápsula de dois pesos.

Admito que minhas estações são completamente adversas...e ao mesmo tempo sou a fusão de todas elas num único sentido: a entrega.

Mas não desisto da compreensão que me levará a sutil resposta de mim mesma. E de tudo sempre restará um pouco de mim...Nos meus tropeços, nas minhas loucuras, nas minhas decisões. São como digitais, únicas que pertencem a um ser que nunca e em hipótese alguma será substituído.

Sofro do meu próprio martírio, da minha intensidade de pensamentos e sentimentos e me atolo quase sempre neles. Aí não há discussão, só a espera para a lenta recuperação.

Procuro a cura para meus próprios devaneios, e entre a razão e o coração, no equilíbrio dos dois, talvez eu consiga a solução para essa contusão que sempre fica em mim.

Então, basta a espera paciente e concordata das minhas estações. Tentarei buscar o perfeito equilíbrio entre as duas causas, assim a cura estaria próxima, ou senão o alívio para os meus apelos emocionais mais profundos e propagados de graça, com a revelia aparente e com a calma que se basta.

Ana Clea Bezerra

Ana Clea Bezerra de Abreu
Enviado por Ana Clea Bezerra de Abreu em 22/06/2010
Reeditado em 04/04/2021
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