Quando um poeta se apaixona

Quando o poeta se apaixona?

Porque o poeta se apaixona?

Quando faço essas perguntas,

me assombro com as respostas...

O poeta se apaixona quando encontra

pessoas iguais no sentir, opostos cúmplices...

mas se apaixona pelo que diverge

de si e está em outro extremo...

O poeta se apaixona quando olhos brilhantes

estão na sua direção...mas também quando

lhe são opacos...o poeta sempre se apaixona

pelo que não pode tocar...pelo que está longe

do seu poetar...o poeta não vê quando

a paixão faísca ao seu redor...porque sua

ebulição interna é sempre muito maior...

O poeta se apaixona quando ouve uma canção...

quando caminha na chuva quando está com

alma em prantos...quando não dorme e vê o dia

e noite se confundirem nos ponteiros...

o poeta se apaixona quando rega com

as próprias lágrimas os seus sonhos...

o poeta se apaixona porque precisa de amor

pra alimentar a sua poesia...o poeta se apaixona

porque conhece a delícia de amar profundamente...

mesmo quando quando morre apaixonado

por quem não lhe quer...

O poeta nasceu apaixonado...só vai mudando

de direção a medida que caminha...

o poeta se apaixona invariavelmente

pela pessoa errada...na hora errada...

algumas vezes o poeta guarda tão bem sua paixão...

que ela sufoca...adoece...

o poeta ama tão

profundamente e se envolve de

corpo e alma...tanto...e tanto que não

consegue esconder suas lágrimas mesmo

quando sorri...

Porque o poeta se apaixona?

Mil vezes

me perguntei porque?

E porque tem que se apaixonar?

O poeta se apaixona, porque tem a

alma livre

pra voar...mesmo quando o corpo não

está a lhe acompanhar...o poeta se apaixona

porque precisa da emoção da paixão

pra viver...o poeta tem sede do mundo...

tem sede de vida...tem entranhas inquietas...

conflitantes...o poeta se apaixona porque não

suporta quando seus silêncios são vazios...

O poeta se apaixona para vencer as suas dores...

para diluir sua tristeza...o poeta se

apaixona para se sentir vivo...

O poeta se apaixona pelo mesmo motivo que escreve...

pela sua profundidade de sentimentos...

pela eterna turbulência que vive dentro

do seu corpo...do seu coração...

pela fragilidade da sua alma...

O poeta não se apaixona porque quer...

ou por quem quer...o poeta foi jogado na vida

pra aprender a sobreviver...e pela sua

natureza errante...vive se debatendo...

O poeta se apaixona porque busca o amor

mais que qualquer pessoa...porque conhece o

perfume do amor...

e vive inebriado de paixão...

O poeta quando se apaixona é réu...

é vítima seu próprio tribunal...

O poeta se apaixona quando está infeliz...

quando está feliz e na maioria do tempo o poeta

vive doente pela suas paixões...

o coração do poeta é o seu próprio vilão...

com ele não tem absolvição...não tem razão...

ele manda e desmanda à revelia do poeta...

que é jogado de um lado para o outro amando...

amando...até que morre louco...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 09/06/2005
Código do texto: T23552
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