Eu, por mim

Tenho tantas poesias guardadas

no porão das minhas memórias...

tantas juras encerradas

em baús envelhecidos...

Tenho medos escondidos

segredo contidos...

amores furtivos...

desejos escorridos...

vertidos em noites perdidas...

Tenho tantas palavras desbotadas

na boca levemente mentolada...

palavras entrecortadas

pela minha respiração

pouco ou nada controlada...

Vivo naufragada nos sentimentos...

nas sensações e emoções

em que navego...

e quanto mais eu entro

dentro do meu eu...

mais eu me perco em mim

e de mim...

Sou eu de lado de fora

do confessionário

a pedir absolvição

pelas minhas culpas...

e sou eu do lado de dentro

a me ouvir...

me perdoar sempre...

sem pudor e sem castigos...

A linha do horizonte se afasta...

e não olhamos mais na mesma direção...

nem eu e nem a minha história...

e enquanto eu busco uma saída

de mim...

Dessa loucura que revolve

meu peito...

dessa insana piração

que me afoga a cada minuto...

me agarro a margem desse rio

que me arrasta...

Não sei fugir de mim...

estou pregada na minha alma...

condenada a vagar

à deriva de mim...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 25/06/2005
Código do texto: T27692
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