ESCREVER NÃO É PROFISSÃO

O Brasil é um grande produtor de livros. Mais de 50.000 novas obras são lançadas por ano. Se isso transforma nosso país em uma terra culta é outra história. Afinal, existem livros e livros. Conversando com os colegas que se atrevem a escrever livros, artigos, poesias, reportagens e ensaios, todos eles se deparam com uma cruel realidade: A maioria do povo brasileiro não considera o ato de escrever como trabalho.

É comum nos depararmos com alguém perguntando: “Que está fazendo? ” Se respondermos “estou escrevendo” em seguida vira um convite: “vem me ajudar aqui.” Isso dito num tom de quem afirma: “Deixe de se divertir e vem fazer algo útil”.

Quando finalmente conseguimos publicar um livro, não raro aparece alguém com essa: “Poxa, você publicou um livro e nem me deu um exemplar autografado”.

O mais incrível aconteceu quando autografei um exemplar do meu “Aleluia Irmão” para um professor de língua portuguesa na universidade. Dias depois ele me liga dizendo que gostou muito do livro e disse que iria fotocopiar partes dele para fazer um trabalho com os alunos.

Dizem que um autor nunca deveria presentear seu livro porque jamais saberá se foi lido porque impôs seu livro a alguém ou porque este alguém realmente queria lê-lo. Porém, pedir um livro de presente a um autor sempre é um ato de deselegância. Pedir para fotocopiar é não considerar o custo de edição e confecção de um livro. Embora todas as universidades tenham sua Central de Pirataria, a fotocópia atropela direitos autorais em nome de uma redução de custos aos alunos.

O empréstimo de livros é coisa muito comum entre amigos. As bibliotecas existem para essa finalidade. Hoje, a internet dispensa isso, porque a maioria dos assuntos podem ser encontrados sob diversos prismas por meio eletrônico. Mas isso substitui o bom livro de cabeceira? Chegará um dia a substituir?

Os meios eletrônicos de notícias e de escrita estão dificultando a venda de jornais e revistas. Quer porque os leitores já encontram na net o que precisam, quer porque gastam muito tempo em frente ao computador e não lhes sobra para lerem seu jornal de cada dia. Mesmo assim os direitos de criatividade precisam preservados.

No Brasil da grande produção de livros, escritores de romances que vivem da renda de seus livros podem ser contados nos dedos. Se eles escrevem porque gostam, não significa que não devam ser remunerados. Porém, como para todos os artistas, a verdadeira remuneração seja realmente o reconhecimento de seu trabalho. Este reconhecimento nem sempre é pecuniário.

Já é uma grande satisfação ser lido.

Luiz Lauschner – Escritor e empresário

lauschneram@hotmail.com

Luiz Lauschner
Enviado por Luiz Lauschner em 06/02/2011
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