Pensando.
Recebi postagem de uma amiga querida (Sete belas lógicas) e uma dessas belas lógicas nos aconselha a parar de pensar muito pois não precisamos saber todas as respostas. Não concordei e comecei a pensar para entender minha não concordância – é certo que não preciso saber todas as respostas, o que não me impede de querer saber, embora saiba que minha mente ainda não está preparada para isso. No entanto em nenhum momento de minha vida achei que pensar possa fazer mal para alguém. O que faz mal é a pré-ocupação da mente, não a ocupação nos momentos certos.

Eu não sei muitas coisas, o saber não é teórico, mas prático. Só considero que sei alguma coisa quando a pratico. Mas aprendi que nem tudo que passa por minha mente é pensamento. Os movimentos mentais que reviram nossa cabeça na maioria das vezes não passam de reflexos de pensamentos alheios que absorvemos sem nem mesmo compreendê-los. Como papagaios  enchemos nossa cabeça de coisas que os outros falam e escrevem e que confundimos com nosso pensamento. É nessa região que vive a famosa massa de manobra, conduzida por vários elementos – a crença, os políticos, a mídia, a cultura em que estamos inseridas, mas nunca por nosso próprio pensamento. Por isso digo e repito que, no meu entendimento, pensar não faz mal nenhum.

Apesar de não concordar com a afirmativa (pensar muito faz mal) sei que pensar muitas vezes se torna perigoso porque o pensamento tem vida própria e precisa ser conduzido com mente firme para não tender para o mal. É preciso ser dono de si mesmo e dos próprios pensamentos para que não sejamos levados pelas fofoquinhas da vida, pelos pensamentos que destroem a vida dos outros, além das próprias vidas. Vem lá um belo dia um louco e com seu pensamento dominante dizendo que as raças humanas não são iguais entre si, que umas são melhores do que as outras e sem realmente pensar no assunto, sendo conduzidos por interesses e medos próprios, vamos lá nós seguindo um maluco qualquer e por ele tentar destruir tudo o que atrapalhe nosso caminho.

Não foi fácil para mim descobrir que o meu caminho filosófico é o ceticismo, porque confundia ceticismo com negação, quando na verdade o ceticismo é simplesmente suspensão do julgamento, já que uma coisa pode ser assim ou assada.  Então para se chegar a uma conclusão tenho que usar o meu pensamento, nem que para isso eu precise me valer do pensamento alheio para reunir informações sobre o assunto em pauta. Assim ninguém para mim é culpado ou inocente de qualquer coisa antes que eu pense a respeito. Nem José Dirceu. Nem o goleiro Bruno. Mas se querem saber, sobre os dois eu já pensei a respeito. E sem dúvida nenhuma meu pensamento afirma que são culpados. Mas isso não significa absolutamente que você tenha que pensar como eu. Use os seus próprios movimentos mentais para chegar a uma conclusão. Se é que isso lhe interessa.