Uma Breve História do Turismo entre as Torres

O turismo que se instalou como atividade econômica no município de Torres teve três períodos distintos: a) a introdução do curismo (turismo de cura) no início do século XX; b) a consolidação desta atividade com o desenvolvimento de infra-estrutura turística em meados do século XX e; c) uma nova configuração social e econômica imposta pelas migrações sazonais estrangeiras (principalmente uruguaios e argentinos), entre os anos 1960 e 1970 em diante.

No primeiro momento, a preocupação dos turistas era interpretar o ambiente litorâneo e se adaptar as suas condições sócio-culturais. Encontraram uma comunidade pesqueira e agrícola baseada na economia colonial; para os veranistas a excentricidade despontou em algo a ser explorado. Portanto, a instalação e ocupação dos locais privilegiados da vila não foram por acaso, existia uma análise acuidada das áreas de melhores investimentos comerciais, aliando potencial turístico e mão - de - obra barata. Assim nasceu o turismo de veraneio em Torres.

A partir da década de 1940, percebe-se a expansão urbana sendo distribuída num sentido radial, do núcleo para as extremidades do território da vila. Em 1950, a infra- estrutura e o markenting turístico consagram a “vocação” e o destino de Torres. Apesar da propagação do turismo de massa, Torres manteve-se elitizada pelos esforços da administração municipal e estatal, a burguesia local e os “ilustres Amigos da Praia”. O desenvolvimento do turismo em Torres teve seu xeque mate, com a invasão maciça dos hermanos platinos (uruguaios e argentinos). Usufruíam das praias e de todo o conforto que podiam em território torrense. Na década de 1970, houveram modificações profundas na estrutura social e econômica da cidade, numa estreita relação entre a construção civil e o turismo.

O processo de introdução e consolidação da atividade turística culminou na negociação ímpar em que a cidade e sua população estão à mercê desta fonte de renda, como se estivessem à venda. O turismo entre as Torres, resultou numa expansão urbana desordenada impactando os bens culturais e naturais, e consequentemente, provocou a marginalização da comunidade local.

Publicado em Jornal Litoral Norte RS.