ESPERA , OUTRA VEZ

Mais uma vez, Laura encontra-se em silêncio. Tão mergulhada em seus pensamentos, que nem sequer percebeu quando Carlos foi embora.

Assim seguia mais uma noite de sua vida intrigante, o negrume de seus olhos revelam a profundidade do seu pensar longe ao notar-se só, novamente como espera, porque espera sempre foi...

Ela imagina como reagira diante das respirações ofegantes de Carlos que não embalava seus ouvidos, pois seu corpo presente denunciava a ausência de seus sentidos, e ali, com seus olhos negros olhando para o nada, ela pensava nas presenças que do nada vieram, do nada se foram e nada significam. Lembrou-se então das palavras finais de Carlos, aquele tedioso articular de seus lábios...

-És opaca Laura, és vazia.

E como quem acorda de um transe, ela desviou seus olhos do nada a que se prendera. Falou para si mesma.

-Palavras, são apenas palavras vazias...

Enxugou o rosto, apagou o desgosto, seguiu para o bar, tomou uma taça de vinho, acendeu um cigarro, e observando os carros que por ali passam, tornou-se espera outra vez...

Silere Tacere
Enviado por Silere Tacere em 31/05/2014
Reeditado em 05/05/2015
Código do texto: T4827574
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